domingo, 11 de março de 2018

Justiça Federal afasta de seus cargos seis investigados de fraudes na BRF


Natacha Camilotti Mascarello
A Justiça Federal proibiu seis investigados da 3ª fase da Operação Carne Fraca de frequentarem a BRF ou outros estabelecimentos operacionais ligados à empresa, inclusive laboratórios. Eles também foram suspensos das atividades profissionais remuneradas junto às empresas. Conforme o pedido do Ministério Público Federal, acatado pela Justiça na sexta-feira (9), caso as medidas cautelares sejam descumpridas, os investigados ficam sujeitos à decretação de prisão preventiva, que é por tempo indeterminado. Foram submetidas às medidas cautelares os seguintes executivos:
Fabiana Rassweiller de Souza - responsável pelo setor de Assuntos Regulatórios do Corporativo do Grupo BRF
Décio Luiz Goldoni - gerente agropecuário da planta da BRF de Carambeí
Andre Luis Baldissera - teoricamente afastado da BRF desde a primeira fase da Operação mas recebendo salário
Harissa Silverio El Ghoz Frausto - atuante em laboratórios de análises que atendiam a BRF
Helio Rubens Mendes dos Santos - vice-presidente da BRF até 26 de fevereiro de 2018
Natacha Camilotti Mascarello - analista de qualidade da fábrica de rações em Chapecó (formada em Medicina Veterinária pela UFRGS, universidade pioneira em fraudes no Brasil, conforme atesta a tese fraudulenta de doutorado de Gilberto Kmohan, que teve o petista Sérgio Caparelli como orientador).

A nova fase da Carne Fraca, batizada de Operação Trapaça, foi deflagrada na segunda-feira (5). No dia, 11 mandados de prisão temporária relacionados a funcionários e ex-funcionários da BRF foram cumpridos. Todos os investigados foram soltos até a sexta-feira. Também são investigados o ex-diretor-presidente global da BRF, Pedro de Andrade Faria; Luciano Bauer Wienke, Fabiane Baldo, Luiz Augusto Fossati e Tatiane Cristina Alviero.

Para a procuradora federal Lyana Helena Joppert Kalluf, a soltura dos investigados, acompanhada do retorno deles às atividades habituais junto à empresa, coloca em risco a ordem pública e econômica, já que "poderiam atrapalhar o andamento das investigações assim como continuar a realizar as graves fraudes que em tese já vinham cometendo". De acordo com o Ministério Público Federal, os materiais recolhidos na deflagração da operação estão sendo analisados pela Polícia Federal em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Após a análise, que "demanda razoável duração, será avaliava a possibilidade de oferecimento de denúncias".

Os alvos da nova fase da operação foram quatro unidades da BRF: em Carambeí (PR) e Rio Verde (GO), que produzem frango; em Mineiros (GO), que produz peru; e em Chapecó (SC), que produz ração. Conforme a Polícia Federal e o Ministério da Agricultura, as quatro fábricas fraudavam laudos relacionados à presença de salmonela em alimentos para exportação a 12 países que exigem requisitos sanitários específicos de controle da bactéria do tipo salmonela spp. Além de ex-executivos da BRF, o esquema envolveu funcionários e técnicos de cinco laboratórios. Eles são suspeitos de preencher, com dados fictícios, os laudos fornecidos ao Serviço de Inspeção Federal (SIF/Mapa) a fim de driblar a fiscalização. Por esse motivo, a operação foi batizada de Trapaça. A irregularidade foi denunciada pela ex-funcionária da BRF, Adriana Marques de Carvalho, que já tinha ido à Justiça trabalhista contra a empresa. A empresa é dona de marcas como Sadia e Perdigão e é a maior exportadora de carne de frango do mundo, com vendas em cerca de 150 países.

O coordenador-geral do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Mapa, Alexandre Campos Silva, disse que, apesar da fraude, a produção de frangos para consumo interno não foi afetada e que não há risco para a saúde pública. Ele explicou que a bactéria salmonela apresenta mais de 2 mil sorovares (variedades dentro da mesma espécie), mas apenas dois oferecem risco à saúde pública (tifimurium e enteritidis) e outros dois representam risco à saúde animal (pullorum e gallinarum). Na segunda-feira, por causa da operação, a companhia perdeu mais de R$ 4 bilhões em valor de mercado em poucas horas, segundo levantamento da Economatica.

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