O Ministério Público Federal apresentou nesta terça-feira ao juiz Sergio Moro a apelação contra a decisão do juiz que absolveu Cláudia Cordeiro Cruz, mulher do ex-deputado federal Eduardo Cunha. Os procuradores pediram ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região a condenação da jornalista. Denunciada por lavagem de dinheiro e evasão de divisas por ter realizado gastos no Exterior com valores que Eduardo Cunha teria recebido como propina por interferir na aquisição, pela Petrobras, de um campo de petróleo em Benin, Cláudia Cruz foi absolvida pelo juiz Sergio Moro, que afirmou que não havia provas de que ela soubesse da origem dos valores.
No documento entregue a força-tarefa da Lava-Jato refuta os argumentos da decisão de Moro. Os procuradores destacaram que Cláudia Cruz é jornalista e detentora de curso superior, o que, na opinião do Ministério Público Federal, indicaria que é uma pessoa esclarecida e capaz de compreender qual foi o contexto de seus gastos, agindo com "cegueira deliberada". "É evidente, pois, de que, no mínimo, agiu com uma cegueira deliberada a respeito das circunstâncias criminosas que envolveram as movimentações financeiras realizadas em sua conta no exterior", afirmaram os procuradores.
Na apelação, o Ministério Público Federal acusa Cláudia Cordeiro Cruz de se fazer de ignorante propositalmente sobre a origem de dinheiro. Os procuradores lembraram, ainda, que Cláudia é casada com Eduardo Cunha há mais de 20 anos, período durante o qual o ex-deputado federal se envolveu em diversos escândalos. "Isso fica evidente ao se fazer ignorante quanto a essas circunstâncias, conforme se infere de seu “interrogatório” judicial, repleto de expressões tais como “não sei”, “não perguntei”, “não faço a menor ideia”, “nunca fiz”, “não me importava”, “não que eu me lembre” e outros termos de conteúdo escusatório", afirmaram.
Na apelação, investigadores da Lava-Jato frisam que também foi descoberta variação patrimonial a descoberto nas declarações de imposto de renda da jornalista. O Ministério Público Federal afirma que Cláudia declarou à receita federal a prestação de serviços fictícios. Os procuradores também apontam suspeitas sobre um empréstimo supostamente concedido em 2009 pelo pastor Chico Silva, sócio de Cunha na Rádio Melodia, onde o ex-deputado tinha um programa na grade, onde disseminava o bordão "O povo merece respeito".
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