domingo, 16 de abril de 2017

Odebrecht diz que entregou propina no escritório de Padilha, em Porto Alegre


Citado por delatores da Odebrecht como um dos principais destinatários da propina do PMDB, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, recebeu em março de 2014 pelo menos R$ 1 milhão em seu próprio escritório, na Rua Siqueira Campos, no centro de Porto Alegre. A informação foi repassada aos investigadores da Lava-Jato por Benedicto Júnior e Cláudio Melo Filho, ex-executivos da empreiteira. Segundo os delatores, o pagamento trata de uma das três parcelas de uma remessa de R$ 4 milhões para financiar, por meio de caixa 2, ilegalmente, campanhas do PMDB. O recurso teria sido endereçado a Padilha e Moreira Franco, atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Os dois são investigados no inquérito 4.462, aberto pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal. Esse montante seria parte dos R$ 10 milhões acertados em um jantar, em 28 de maio de 2014, que reuniu Marcelo Odebrecht, Padilha e Michel Temer, no Palácio do Jaburu. À Procuradoria-Geral da República (PGR), Benedicto entregou uma planilha retirada do sistema de propinas da Odebrecht, que vincula os R$ 4 milhões a obras de "aeroportos". O pagamento teria ocorrido quatro meses depois de a empresa vencer o leilão do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. No governo Dilma Rousseff, Moreira foi ministro da Secretaria de Aviação Civil entre 2013 e 2014, sucedido no cargo por Padilha em 2015, no início do segundo mandato da petista. "É provável que ele (Moreira) pudesse nos retaliar com alguma coisa, já que ele tinha um poder muito grande na secretaria de Aviação", disse Benedicto, temeroso sobre o futuro do contrato do Galeão. Na quinta-feira, o jornalista Lauro Jardim informou que o grupo chinês HNA comprou a fatia da Odebrecht no Galeão, com um investimento de R$ 4 bilhões no negócio. O repasse é ligado ao codinome "Primo". Cláudio Melo relacionou a alcunha a Padilha, enquanto Benedicto disse que a referência seria a Moreira. Entre os delatores, no entanto, há convicção de que os dois peemedebistas atuavam juntos. "Nós encontramos no sistema Drousys comprovação de pagamento, endereço de entrega, sob os codinomes de Primo e Cariocar Primo, que eram os codinomes para este pagamento. Eles são referentes a Moreira Franco, porque ele tem uma relação de contraparente com Cláudio Melo. Eles são primos distantes", afirmou Benedicto. Segundo ele, Moreira solicitou a Cláudio Melo, em Brasília, a contribuição de campanha. Os endereços para as entregas ficaram sob responsabilidade de Padilha. A Odebrecht detalha o pagamento em três parcelas. Uma delas, de R$ 1.062.000,00 teria sido feita em 17 de março de 2014 na "Rua Siqueira Campos", a uma pessoa identificada como "Luciano Pavão". Este é o endereço do escritório de advocacia de Padilha em Porto Alegre. Os locais de entrega das outras duas parcelas (R$ 1,4 milhão em 17 de março e R$ 1,5 milhão em 24 de março) não foram esclarecidos. Benedicto ainda repassou à PGR registros de quatro ligações a Padilha no período em que teriam ocorrido as transações.

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