domingo, 16 de abril de 2017

Delator da Odebrecht, o corruptor Alexandrino Alencar, detalha repasses ilegais para Beto Albuquerque e a comunista Manuela D'Ávila



Em dois depoimentos à Procuradoria da República em Campinas, feitos em meados de dezembro, o ex-diretor da Odebrecht no Rio Grande do Sul, o executivo delator e propineiro Alexandrino de Alencar garantiu que o setor de operações estruturadas da empresa, o departamento da propina, fez repasses de R$ 650 mil, via caixa 2, ilegais, atendendo a pedidos do ex-deputado federal Beto Albuquerque (PSB). O dinheiro seria para apoiar candidaturas de Beto, de correligionários do PSB e da deputada estadual Manuela D'Ávila (PCdoB). Desse total, Alexandrino Alencar disse que R$ 200 mil foram doados a Beto, como ajuda na campanha dele a deputado federal, em 2010. Conforme o ex-executivo da empreiteira, o valor superou em muito a quantia de doações legais candidatos a deputados federais — tabelada pela empresa em R$ 50 mil. Alexandrino afirmou que, em 2012, foram repassados R$ 100 mil a Beto, a título de contribuição a campanhas municipais do PSB. "Ele, como líder do partido no Estado, iria distribuir para alguns candidatos a vereador e prefeito. E nós oferecemos, via caixa dois, R$ 100 mil para ele fazer as benesses", afirmou o executivo propineiro delator Alexandrino Alencar, lembrando que o codinome de Beto era "trinca-ferro", um pássaro, em alusão ao símbolo do PSB. Conforme o ex-diretor da Odebrecht, em 2008, R$ 300 mil irrigaram a campanha da comunista Manuela D'Ávila à prefeitura de Porto Alegre, por meio de caixa 2, ilegal. O propineiro Alexandrino Alencar ressaltou que o dinheiro foi solicitado por Beto, que era coordenador da campanha de Manuela, e que a quantia estava acima da tabela oficial de doações da empreiteira por dois motivos: "Primeiro, pela relação que tínhamos com o deputado, jovem, aguerrido, com bastante projeção nacional. Segundo, pela própria candidata Manuela, que era jovem liderança no Rio Grande do Sul, que vinha despontando, e nós acreditávamos que viria ter projeções futuras e porque ela liderava as pesquisas". Questionado se teve algum encontro com a comunista Manuela, Alexandrino disse que não, mas que ela saberia da origem do dinheiro por intermédio de Beto. De acordo com o ex-diretor da empreiteira, Manuela voltou a ser beneficiada na campanha para reeleição a deputada federal, em 2010, dessa vez com R$ 50 mil, também por meio de caixa 2. Alexandrino recordou que, nas planilhas da Odebrecht, o codinome de Manuela era "avião", mas garantiu que não tinha uma razão específica para tal. 

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