quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

José Yunes, o super amigão de Temer, pede demissão após aparecer na delação da Odebrecht


A delação da Odebrecht provocou a primeira queda dentro do governo Michel Temer. Acusado por um delator da Odebrecht de receber recursos em seu escritório em São Paulo em 2014, o assessor especial da Presidência da República, José Yunes, pediu demissão nesta quarta-feira (14). Ele entregou a carta de demissão ao presidente Michel Temer no início da tarde de ontem. Yunes, um dos amigos mais próximos de Temer, disse que o pedido é em caráter irrevogável. Ele nega ter recebido o dinheiro da Odebrecht. Na Presidência da República, ele recebia salário mensal bruto de R$ 14.742,78, além de verbas indenizatórias. Seu nome aparece no acordo de delação de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht. Segundo Melo, parte de R$ 10 milhões repassados ao PMDB para a campanha de 2014 foi entregue no escritório de Yunes em São Paulo. "Um dos endereços de entrega foi o escritório de advocacia do sr. José Yunes, hoje assessor especial da Presidência da República", diz trecho do documento. O agora ex-assessor de Temer afirma que nunca conversou com Cláudio Melo e que não participava de arrecadação de recursos para o hoje presidente. Com a saída de Yunes, Temer perde mais um homem de sua confiança no Planalto. Recentemente, Geddel Vieira Lima pediu demissão da Secretaria de Governo após escândalo ligando seu nome a um empreendimento imobiliário em Salvador. Nesta quarta-feira, circularam também informações de que o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e o secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco, também teriam entregue carta de demissão. Os dois, porém, negaram a informação e disseram que seguem em seus cargos. Moreira Franco disse que "não abandona lutas quando acredita nelas" e, por isso, não está de saída do governo. Afirmou ainda que as acusações do ex-diretor da Odebrecht de que ele, Moreira, teria recebido dinheiro da empreiteira em troca de favores no governo não procedem. A assessoria de Eliseu Padilha, também citado na delação de Cláudio Melo, negou que ele esteja de saída do governo e afirmou que o ministro nega ter recebido qualquer dinheiro irregular da empreiteira. A saída de Yunes deve-se ao temor do presidente de que acusações mais graves contra o assessor presidencial sejam reveladas em delações premiadas de outros executivos da empreiteira. O Palácio do Planalto tem a informação de que teriam sido entregues à Polícia Federal novas evidências contra ele. Minutos após Yunes pedir demissão, o presidente convocou uma reunião no Palácio do Planalto para tratar dos desdobramentos da crise, com presença de Moreira Franco e do líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR). Na carta de demissão, Yunes afirma que a decisão teve como objetivo preservar sua dignidade. Segundo ele, seu nome foi jogado "no lamaçal de uma abjeta delação" premiada. "Não posso ver meu nome enxovalhado por irresponsáveis denúncias de figurantes com quem nunca tive qualquer contato direto ou por terceiros", disse. No texto, ele lembra sua longa amizade com o presidente que, segundo ele, os une desde "os heroicos tempos nas Arcadas do Largo de São Francisco", onde os dois estudaram na capital paulista. Segundo ele, o conteúdo da delação premiada é baseado em "fantasiosa alegação" de que ele teria recebido parcela de recursos financeiros de doação destinada ao PMDB. "Repilo com a força de minha indignação essa ignominiosa versão", disse. Segundo o delator da Odebrecht, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, apelidado de "primo" pela empresa, foi quem orientou a distribuição de pelo menos R$ 4 milhões dos R$ 10 milhões, acertados em um jantar no Palácio do Jaburu, em maio de 2014, que contou com a presença de Temer e de Marcelo Odebrecht, herdeiro do grupo e preso em Curitiba. Foi Eliseu Padilha, inclusive, segundo os termos da delação, que pediu para que parte dos recursos fosse entregue no escritório de Yunes, em São Paulo. Melo não apontou quem teria recebido o dinheiro entregue no escritório de Yunes em São Paulo. Segundo ele, R$ 6 milhões dos R$ 10 milhões foram para a campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo, em 2014.

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