sábado, 8 de outubro de 2016

EUA acusam Rússia de vazar e-mails democratas para interferir em eleição


O clima de Guerra Fria foi reeditado nesta sexta-feira (7), com a Casa Branca se dizendo "confiante" de que o governo russo está por trás de ataques hackers contra o Comitê do Partido Democrata, que derrubaram sua presidente às vésperas da convenção do partido que chancelou a candidatura de Hillary Clinton, em julho. "Estes furtos e divulgação têm como meta interferir no processo de eleição dos EUA", disse o secretário de Segurança Interna, Jeh Johnson, e o diretor de Inteligência Nacional, James Clapper, em comunicado. "Essa atividade não é nova em Moscou. Os russos têm usado táticas e técnicas similares ao longo da Europa e da Eurásia, por exemplo, para influenciar a opinião pública lá", continua a nota. "Acreditamos, com base no alcance e na sensibilidade desses esforços, que apenas as autoridades mais altas na Rússia poderiam ter autorizado essas atividades." 


Os ciberataques abasteceram o site WikiLeaks com quase 20 mil e-mails trocados por dirigentes democratas, entre eles a deputada Debbie Wasserman Schultz, que presidia o comitê nacional da legenda. Ela renunciou dias depois de vir à tona a troca de mensagens em que a alta cúpula do partido trata com desdém o então rival de Hillary nas prévias internas, o senador Bernie Sanders — até sua suposta falta de fé (embora ele se diga judeu) foi sugerida como arma por um deles, que poderia vir a calhar em Estados americanos onde a religiosidade é forte. Na época, a campanha de Hillary montou uma força-tarefa para responsabilizar Vladimir Putin pelo vazamento — o presidente russo sempre negou a intervenção. Agora, é o governo americano que oficializa as suspeitas. As relações entre Washington e Moscou já estão tensas em razão da guerra na Síria —- russos são aliados de longa data do ditador Bashar al-Assad, enquanto americanos estão ao lado dos rebeldes que lutam contra o regime. Há ainda o avanço da facção terrorista Estado Islâmico no país, combatido pelos dois fronts. Nesta sexta-feira, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que Rússia e Síria deveriam ser investigadas por crimes de guerra, após ações militares em Aleppo ceifarem vidas civis. A hostilidade entre EUA e Rússia virou também uma ogiva eleitoral, com Hillary acusando seu adversário republicano, Donald Trump, de simpatia por Putin. Trump de fato elogiou o russo, que diz ver como uma liderança mais forte do que o presidente Barack Obama. Ele também chegou a dizer que hackers conterrâneos de Putin deveriam expor 30 mil e-mails que Hillary deletou do servidor privado que usou quando era secretária de Estado (2009-13). Os e-mails particulares viraram alvo de investigação do FBI, mas metade deles foi apagada. Depois, o republicano disse que estava sendo sarcástico. Um banner gigante de Putin foi estendido na lateral da ponte Manhattan nesta quinta-feira (6) à tarde, com a foto dele e a legenda "pacificador". A polícia removeu o pôster em menos de uma hora, e a autoria do que internautas chamaram de "atentado terrorista" ainda é desconhecida.

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