quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Ex-senador Luis Estevão escancara a corrupção em Brasília

Quem é o único bandido diplomado de Brasília? - indaga ex-senador. Preso na Papuda, Luiz Estevão revela que o dinheiro extorquido na CPI da Petrobras alimentou campanhas políticas no Distrito Federal - e responde à própria pergunta.


O empresário Luiz Estevão de Oliveira Neto é dono de uma fortuna que ele mesmo calcula em mais de 30 bilhões de reais. Primeiro senador cassado da história do País, ele cumpre pena na penitenciária da Papuda, em Brasília, por corrupção. Agora, o empresário poderá se transformar em uma das principais testemunhas da Operação Lava-Jato. Em conversas gravadas pela deputada distrital Liliane Roriz (PTB), Estevão confirma que o ex-senador Gim Argello teria recebido dinheiro de empreiteiras para que as empresas não fossem investigadas na CPI da Petrobras. A Operação Lava-Jato já tinha descoberto, a partir dos depoimentos de dois delatores, que o ex-senador Gim Argello recebeu 5 milhões de reais para preservar as empresas e os empreiteiros. Gim Argello foi preso em abril, na Operação Vitória de Pirro, a 28ª fase da Lava-Jato. Filha do ex-governador Roriz, Liliane teve 99% da campanha financiada pela UTC do empreiteiro propineiro Ricardo Pessoa, que não toca obras em Brasília. Foi esse dinheiro que Gim Argello extorquiu e injetou nas campanhas de seis candidatos no Distrito Federal. Nas gravações, Estevão deixa bem claro que o dinheiro ganho por Gim Argello alimentou as campanhas políticas, inclusive a de Liliane. A deputada havia justificado que a doação foi feita pelo PRTB e que a negociação tinha sido por intermédio do presidente de honra do partido, que é Luiz Estevão. Na gravação em poder do Ministério Público, Estevão diz à deputada: “Você, por exemplo, nessas eleições, não precisou tirar dinheiro do seu bolso. É uma situação que não se repete. Você não terá um Gim Argello, vice-presidente de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a Petrobras, em que as empreiteiras, até então, não tinha começado a Operação Lava Jato, pagariam qualquer preço ao Gim para que ele evitasse que elas fossem convocadas para depor na CPI”. Na mesma gravação, Estevão confirma o que o valor transferido para a campanha de Liliane era “parte do negócio”. Estevão faz um resumo do que ele considera ser o perfil dos empreiteiros de Brasília: “Nessa cidade, de cada 100 caras, 90 são bandidos. E vivem de bandidagem, putaria e sacanagem. Vivem roubando, tomando dinheiro, cobrando comissão, entendeu? Fazendo negócio fajuto com o governo local, com o governo federal”. Estevão também faz seu autorretrato: “A cidade só tem um bandido que é conhecido, com diploma pregado na parede. Quem é o único bandido diplomado de Brasília? Diga, pode falar o que o seu sorriso está dizendo. Quem é o único bandido diplomado de Brasília? Pode dizer, quem é? Luiz Estevão”. 

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