quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Gerente demitida por ordem de Lula derrota banco Santander na Justiça


Há duas semanas ─ um ano, cinco meses e vinte dias depois de perder o emprego no banco Santander por ordem de Lula ─, Sinara Polycarpo Figueiredo ganhou a segunda etapa da batalha judicial travada contra a instituição financeira espanhola que a demitiu. No dia 21 de janeiro, a juíza Cynthia Gomes Rosa, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, manteve a sentença expedida em agosto de 2015 pela juíza Lúcia Toledo Silva Pinto Rodrigues, que condenou a instituição financeira a pagar uma indenização de R$ 450 mil por danos morais infligidos à funcionária castigada por ser honesta. Ao recorrer da decisão em primeira instância, o Santander apenas adiou a consumação da derrota. A subserviência do Banco Santander começou em 10 de julho de 2014, quando um documento produzido pela área chefiada por Sinara Polycarpo Figueiredo foi distribuído entre um grupo de clientes com renda mensal superior a R$ 10 mil. Na sentença, a juíza Lúcia Toledo Silva Pinto Rodrigues registrou que o texto se limitara a endossar “constatações uníssonas entre os analistas do mercado financeiro e nas diversas mídias independentes sobre investimentos”. A fúria petista, em plena campanha eleitoral, foi desencadeada pelo trecho do documento que dizia: "a economia brasileira continua apresentando baixo crescimento, inflação alta e déficit em conta-corrente”. Linhas adiante, o diagnóstico observava que a onda de previsões sombrias se adensava sempre que Dilma subia nas pesquisas eleitorais. Neste início de 2016, passados 18 meses, a releitura da análise demonstra que a equipe de Sinara Polycarpo Figueiredo tinha sido muito tímida em suas previsões, porque a situação econômica do Brasil é muito pior. O naufrágio foi consumado em 2015. Porém, naquele momento, Lula e seus seguidores achavam que, em uma campanha eleitoral, o crime é perder. Então reagiram virulentamente, exigindo a demissão da gerente do Santander. O máximo da campanha petista contra a gerente foi alcançado no dia 28 de julho de 2014. Em uma sabatina realizada no jornal Folha de S. Paulo, transmitida pelo SBT e pela rádio Jovem Pan, a candidata Dilma fulminou: “Sempre que especularam não se deram bem”, respondendo a uma pergunta a análise econômica da equipe do banco Santander. Ela ainda acrescentou: “Acho inadmissível um país que está entre as maiores economias aceitar qualquer interferência externa. A pessoa que escreveu a mensagem fez isso, sim, e isso é lamentável, é inadmissível”. No mesmo dia, em um encontro noturno organizado pela CUT em Guarulhos, Lula acrescentou: "Não tem lugar no mundo onde o Santander esteja ganhando mais dinheiro que no Brasil”. E ainda arrematou, em um recado ao presidente mundial do banco, o espanhol Emilio Botin: "“Ô Botín, é o seguinte, querido: olha, eu tenho consciência que não foi você que falô. Mas essa moça tua que falô, ô, essa moça não entende porra nenhuma de Brasil e não entende nada de governo Dilma. Me desculpe… Mantê… mantê uma mulher dessa num cargo de chefia é, sinceramente… Pode mandar ela embora e dar o bônus dela para mim que eu sei como é que eu falo”. E assim foi feito. Dois dias depois, Sinara Polycarpo Figueiredo foi demitida do trabalho, junto com mais duas pessoas de sua equipe. O espanhol Emilio Botin, já falecido, mandou uma carta rastejante para Dilma, em 30 julho de 2014: “A pessoa tinha que ser demitida porque fez coisa errada”. A juíza Lúcia Toledo Silva Pinto Rodrigues entendeu que o banco maculou a carreira profissional de Sinara Polycarpo Figueiredo ao retratar-se publicamente pelo ocorrido. Concluiu, também, que o Santander foi longe demais ao agachar-se diante de Lula. Confira um trecho da sentença: “O Banco reclamado foi, sim, submisso às forças políticas ao demitir a reclamante. Somente demonstrou a parcialidade da instituição em atender os interesses políticos que estavam em jogo na época por conta da eleição e a falta de comprometimento perante seus clientes investidores que, se acreditassem na assertiva de que a economia seguiria a ‘bem-sucedida trajetória de desenvolvimento’, fatalmente amargariam prejuízos financeiros, dada a retração da economia e a desvalorização do nosso câmbio e dos ativos negociados na bolsa de valores”. Sinara tinha toda razão.

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