terça-feira, 3 de novembro de 2015

Seca no Brasil é pior do que se pensava

Novos dados de satélite mostram que a seca no Brasil é pior do que se pensava, com o Sudeste perdendo 56 trilhões de litros de água em cada um dos últimos três anos, disse um cientista da agência espacial dos Estados Unidos (Nasa) na sexta-feira. A pior seca do País nos últimos 35 anos também tem levado o Nordeste brasileiro, região maior, mas menos povoada, a perder 49 trilhões de litros de água a cada ano nos últimos três anos, comparando com os níveis normais, afirmou o hidrólogo da Nasa, Augusto Getirana. Os brasileiros estão bastante conscientes da seca, dado o racionamento de água, blecautes e reservatórios vazios em partes do País, mas esse é o primeiro estudo que documenta exatamente a quantidade de água que tem desaparecido dos lençóis de água e reservatórios, disse Getirana. “É muito maior do que eu imaginava”, disse Getirana: “Com as mudanças climáticas, isso vai acontecer com mais e mais frequência". O sistema da Cantareira, que fornece água para 8,8 milhões de moradores de São Paulo, tinha, por exemplo, menos de 11% da sua capacidade no ano passado, segundo autoridades locais. A pesquisa de Getirana, publicada no Journal of Hydrometeorology, tem como base 13 anos de informações dos satélites Recuperação da Gravidade e Experimento Climático (Grace, na sigla em inglês) da Nasa, que circulam a Terra detectando mudanças no campo de gravidade causadas pelos movimentos da água no planeta. O País não tem uma falta de água absoluta, afirmou o pesquisador. O problema é que as regiões muito povoadas, particularmente o Sudeste, dependem de aquíferos e reservatórios locais, que não estão sendo reabastecidos devido à seca. Teoricamente, a água pode ser transportada de outras partes do País para cidades afetadas, disse ele, mas os custos financeiros e logísticos seriam enormes. As novas informações de satélite devem representar um chamado de alerta para os políticos gerenciarem melhor a água e atuarem em relação às mudanças climáticas para lidar com a crise, declarou Getirana. Os dados não permitem que os pesquisadores façam previsões de quanto tempo a seca vai durar, disse ele, acrescentando que os níveis de água continuaram a cair nos últimos meses.

Nenhum comentário: