quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Mauricio Macri anuncia equipe econômica ligada ao mercado na Argentina


Tido como um dos responsáveis por tirar a Argentina da crise de 2001, Prat-Gay se autodefine como desenvolvimentista, perfil que Macri previa para o ministério. Apesar disso, o novo guardião da Fazenda tem passagem pelo mercado financeiro. Estudou economia da Pensilvânia (EUA) e trabalhou no JP Morgan em Nova York antes de ingressar na carreira política argentina. Nesta quarta-feira (25), após reunião com Macri, o novo ministro disse que apresentará suas medidas assim que Macri assumir a Presidência, em 10 de dezembro. Dentre elas, estão o fim das restrições à compra de dólares e despesas em moeda estrangeira. "A promessa do presidente eleito é fazê-lo o antes possível", afirmou Prat-Gay. O titular da Fazenda atuará com outros cinco ministros, formando a força-tarefa de Macri. Quatro deles foram anunciados nesta quarta-feira. O ex-presidente da Shell Argentina, Juan José Aranguren, será o ministro de Energia e Mineração. Ele deverá resolver a difícil equação de aumentar os investimentos no setor e reduzir o número de apagões, e ao mesmo tempo preservar os subsídios nas contas de luz e de gás. Dois ex-ministros de Macri na cidade de Buenos Aires, Francisco Cabrera, e Guillermo Dietrich, assumirão as pastas de Produção e Transporte e Infraestrutura. Para a Agricultura, Macri chamou o ruralista da União Cívica Radical (UCR), Ricardo Buryaile. O tradicional partido de oposição ao peronismo ainda ficou responsável pelo plano de desenvolvimento do norte da Argentina. O único nome da equipe econômica que não foi divulgado foi o do ministro do Trabalho, que deverá ser anunciado nos próximos dias. É na área econômica onde pairam as principais dúvidas sobre a futura administração de Macri. O novo governo deverá anunciar em breve sua posição na negociação com os chamados "fundos abutres" — credores externos que cobram parte da dívida do calote argentino de 2001. Só assim conseguirá recorrer a financiamento externo para recompor suas reservas em dólares, o que permitiria acabar com as restrições às moedas estrangeiras. Embora Macri já tenha defendido no passado pagar o valor devido aos credores, o futuro chefe de gabinete argentino, Marcos Peña, evitou dar sinais sobre a posição atual do eleito. "Vamos defender o interesse dos argentinos, mas acreditando que é possível resolver essa questão da maneira correta para poder gerar investimentos, trabalho e superar a pobreza". 


Peña confirmou que Macri insistirá em trocar o comando do Banco Central. Anunciou que pretende colocar no cargo o liberal Federico Sturzenegger, economista do Banco Ciudad (da capital). A nomeação dele está pendente porque seria necessária a renúncia do kirchnerista Alejandro Vanoli, que tem mandato até ao menos setembro de 2016. Se assumir o Banco Central, ele terá como herança uma baixa nas reservas cambiais. Embora o governo informe que há cerca de US$ 26 bilhões em caixa, economistas dizem que o valor disponível é a metade disso.
EQUIPE ECONÔMICA
ALFONSO PRAT-GAY
Fazenda e Finanças
Presidente do BC no início do governo Néstor Kirchner, participou da reorganização econômica na Argentina após a crise política de 2001
GUILLERMO DIETRICH
Transporte
Subsecretário de Transportes portenho e ex-empresário de concessionárias da Ford e da VW, planejou os corredores de ônibus da capital argentina
FRANCISCO CABRERA
Produção
Ministro de Desenvolvimento Econômico da capital, é ainda líder da Fundação Pensar, o centro de políticas públicas do PRO de Mauricio Macri
RICARDO BURYAILE
Agricultura
Deputado por Formosa, é um dos maiores pecuaristas do nordeste do país e foi vice-presidente das Confederações Rurais Argentinas
JUAN JOSÉ ARANGUREN
Energia e Mineração
Presidente da Shell Argentina de 2003 até março, provocou a ira de Néstor Kirchner ao aumentar combustíveis e não aderir à pressão do governo

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