quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Já preso nos EUA, parece que ex-advogado de Cerveró queria brincar de Saul Goodman

Por Reinaldo Azevedo - Edson Ribeiro, ex-advogado de Nestor Cerveró, foi preso nos EUA, segundo a Polícia Federal. Algum abuso nisso? Alguma forma, ligeira que seja, de constranger o exercício da profissão? A resposta, definitivamente, é “não”. Advogados não têm licença para cometer crimes, ainda que possam ser defensores de criminosos, já que todo mundo tem, e deve ter, direito a um advogado. O que a gravação que veio a público evidencia é que o sr. Edson Ribeiro arquitetava, em companhia de Delcídio Amaral, a fuga de Cerveró. E se pode dizer, vejam que estupefaciente!, que, a partir de determinado momento, já nem se tratava de tentar atender a um desejo do seu cliente. Tudo indica que o próprio Ribeiro é que estava tentando articular a alternativa, em companhia do senador, para oferecer ao ex-diretor da Petrobras. No despacho em que determinou as prisões, o próprio ministro Teori Zavascki deixa claro que o tal Ribeiro mandou às favas seu cliente e passou a trabalhar para o senador. Escreve o ministro: “O advogado Edson Ribeiro passou efetivamente a proteger os interesses do senador Delcídio Amaral”. E foi o que percebeu Bernardo Cerveró, o filho de Nestor, razão por que decidiu fazer um acordo com o Ministério Público e gravar as conversas. O papo se desenvolve com incrível desassombro. Ao tratar da fuga de Cerveró, Ribeiro afirma que já retirou investigados do país. Pelo tom, nota-se que fala como uma ponta de orgulho, como a exibir suas especiais habilidades. O homem diz ainda que pretende anular várias delações da Lava Jato, embora não fique claro de quais instrumentos disporia para tanto. Ora, meus caros, é óbvio que um advogado não tem licença para se comportar dessa maneira. Ele não estava dizendo que seu cliente é inocente ou, sei lá, que as coisas não são como dizem os acusadores etc e tal. Isso é papel de um advogado. Nada disso! A operação da qual ele participou buscava impedir que alguns crimes da Lava-Jato viessem à luz. Mais: ele se ofereceu para receber o dinheiro que o banqueiro André Esteves daria para financiar a fuga de Cerveró primeiro para o Paraguai e, depois, para a Espanha. No total, seriam R$ 4 milhões. Vai ver Ribeiro andou assistindo muito ao seriado “Breaking Bad” e se deixou seduzir pelas larguezas éticas do advogado picareta Saul Goodman…

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