segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Venezuela destitui promotor que diz ter manipulado caso Leopoldo López

A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, destituiu nesta segunda-feira (26) o promotor Franklin Nieves, um dos responsáveis pela acusação por incitação à violência contra o dirigente opositor Leopoldo López. Na última sexta-feira (23), o promotor disse que o julgamento tinha sido uma farsa e que foi pressionado por seus superiores a incriminar o opositor. López foi condenado em setembro a 13 anos e nove meses de prisão. 
 

Em entrevista à TV estatal, Luisa Ortega Díaz negou que a Procuradoria-Geral tenha pressionado seus subordinados, incluído Neves. Para ela, o promotor agiu influenciado por opositores ao presidente Nicolás Maduro. "Se ele estava pressionado, indubitavelmente era por outros fatores de poder estrangeiros e nacionais que o pressionaram e o levaram a tomar esta decisão com a finalidade de criar desestabilização nas instituições do Estado". A procuradora-geral negou que a destituição de Nieves tenha sido provocada pela denúncia, mas porque o promotor faltou três dias sem dar justificativas. Ela descarta também qualquer mudança no caso de Leopoldo López apesar da denúncia. "Isso (o vídeo de Nieves) fez criar a opinião a favor de que o líder opositor seja liberado. Foram cerca de 30 os vizinhos do prédio do Ministério Público que declararam que pretendiam nos queimar vivos. As provas são públicas". Ela se referia ao ataque à sede do Ministério Público, em protesto em 12 de fevereiro de 2014. Os manifestantes colocaram fogo no prédio depois de um protesto convocado por López contra Maduro, provocando a morte de três pessoas. A decisão da Procuradoria-Geral é tomada uma semana após Nieves deixar a Venezuela. Inicialmente, as autoridades locais haviam afirmado que ele passava férias em Aruba, mas ao site La Patilla ele disse ter viajado aos Estados Unidos. Franklin Nieves não disse quando revelaria as falhas no processo de Leopoldo López. Devido à falta de informações concretas sobre as violações, a denúncia do promotor foi recebida com ceticismo pela oposição. A mulher do dirigente opositor, Lilian Tintori, disse que o depoimento é uma prova de que o processo contra o seu marido foi armado: "O julgamento e a sentença são nulos, a condenação deve ser anulada e Leopoldo deve ser libertado já". Em entrevista, Lilian Tintori anunciou que seus advogados acelerarão os processos por violação de direitos fundamentais de seu marido contra as autoridades locais, os promotores e os juízes responsáveis pelo caso. Um dos líderes do Vontade Popular, partido de Leopoldo López, o prefeito David Smolansky, pediu a renúncia de Luisa Ortega Díaz por subserviência da Procuradoria-Geral ao governo de do ditador Nicolás Maduro. Por outro lado, o grupo de venezuelanos nos Estados Unidos pediu que o governo americano não dê asilo a Frankin Nieves por considerá-lo "um nefasto violador de direitos humanos".

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