terça-feira, 6 de outubro de 2015

Na América Latina, Brasil só não está pior do que a Venezuela: FMI dobra previsão de queda no PIB para 3%

O Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou nesta terça-feira as perspectivas para o desempenho da economia brasileira tanto para este como para o próximo ano. Para 2015, a instituição dobrou a previsão de queda no Produto Interno Bruto (PIB), de 1,5% para 3%. Para 2016, a projeção foi reajustada de crescimento de 0,7% para recuo de 1%. As informações constam do relatório “Perspectiva Econômica Global” da instituição divulgado hoje. “No Brasil, a confiança de empresários e consumidores continua retraindo em grande parte pela deterioração das condições políticas, o investimento está diminuindo rapidamente e a necessidade de aperto na política macroeconômica está colocando pressão negativa sobre a demanda doméstica”, diz o FMI. Na América Latina, as previsões do Brasil só não são piores do que as da Venezuela, cujas estimativas para o PIB são de contração de 10% e 6%, em 2015 e 2016, respectivamente. Segundo as projeções, o país também deve apresentar um resultado pior do que o da América do Sul no período, que deve encolher 1,5% e 0,3%, no geral. Já a Argentina deve crescer 0,4% neste ano para depois encolher 0,7% em 2016. As estimativas do fundo são iguais a da agência de classificação de risco Moody’s e maiores do que as feitas por agentes de mercado consultados pelo Banco Central. Segundo último boletim Focus, o PIB brasileiro deve encolher 2,85% neste ano e 1% no próximo. Para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento como um todo, a expectativa do FMI é de crescimento de 4% em 2015, acelerando o ritmo de expansão para 4,5% no ano que vem. Os números para as economias emergentes foram ajustados ligeiramente para baixo na comparação com as projeções feitas em julho, de expansão de 4,2% e 4,7%, respectivamente. Segundo o FMI, o crescimento dos países emergentes em 2016 reflete principalmente a recessão menos profunda ou a normalização parcial das condições em países com a situação econômica precária, como Brasil, Rússia e alguns países da América Latina e do Oriente Médio. Além disso, efeitos da recuperação mais forte da atividade em economias desenvolvidas e o afrouxamento das sanções ao Irã também devem influenciar nesse processo. A instituição vê a inflação brasileira desacelerando em 2016, mas ainda longe do centro da meta, de 4,5% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A previsão é que os preços devem subir 8,9% em 2015 e 6,3% em 2016. Na tentativa de conter a alta nos preços, o Banco Central já elevou a taxa básica de juros (a Selic) a 14,25% e deve mantê-la nessa patamar até a inflação começar a convergir para dentro da meta até o fim do próximo ano. A projeção do FMI para a taxa de desemprego no Brasil é de 6,6% em 2015, subindo para 8,6% em 2016. O fundo estima ainda que o déficit em conta corrente do país ficará em 4% do PIB neste ano e em 3,8% em 2016. Por Reinaldo Azevedo

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