sábado, 20 de junho de 2015

Presidente da empreiteira Andrade Gutierrez não esperava ser preso


O presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, de 63 anos, nunca viu motivos para sua prisão. Dizia que a construtora estava fora do esquema de corrupção na Petrobras e que não podia ser acusado só por ter vendido uma lancha de R$ 1,5 milhão ao lobista Fernando Baiano, preso pela Lava Jato. Eram 5h30 de sexta-feira (19) quando as viaturas da Polícia Federal chegaram ao prédio onde o executivo mora com a mulher, na Vila Nova Conceição. Imediatamente ligou para o diretor jurídico da empresa, Luiz Otávio Mourão. Nos últimos meses, a ausência de Azevedo foi notada por condôminos e a especulação sobre uma fuga para o Exterior cresceu. Mas Azevedo não tinha fugido. Continuava cumprindo sua agenda até o momento da prisão. Nos últimos meses, circulou entre investidores na Europa, onde negociava uma saída para a endividada Oi, que tem a Andrade Gutierrez como sócia.

  

Braço direito de Sérgio Andrade, controlador da Andrade Gutierrez, Azevedo assumiu a presidência do grupo mineiro em 2007. É um dos executivos com mais trânsito no governo – experiência acumulada desde a década de 1970 quando foi presidente da Cemig e da Telebrás. Participou das primeiras discussões sobre a privatização da telefonia. Em 1998, quando o leilão ocorreu, ele era presidente da AG Telecom, braço de telefonia do grupo que adquiriu a Telemar, embrião da Oi. A idéia era diversificar os investimentos até então concentrados na empreiteira. Hoje, a situação se inverteu e Azevedo tentava uma solução para a fusão da Oi com a TIM que permitisse a saída da AG Telecom da operadora para focar investimentos na construção. Para isso, ele buscava a simpatia do BNDES, da CVM, e dos fundos de pensão. Não conseguiu apoio da presidente Dilma, entre outros motivos, por um deslize. O executivo enviou a amigos uma foto de sua irmã com a presidente quando ambas eram colegas de escola. Ao saber, Dilma ficou furiosa. Para ela, o executivo tentou mostrar uma proximidade que não existia.

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