O governo da Grécia anunciou o fechamento dos bancos nesta segunda-feira (29) e medidas de controle de capital, ou seja, restrições para transações financeiras. A medida foi a saída encontrada neste domingo (28) pelo governo para evitar a insolvência dos bancos na véspera do possível calote de € 1,6 bilhão no Fundo Monetário Internacional. "Todos os depósitos, salários e aposentadorias estão garantidos", disse o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, do partido de esquerda Syriza. Ele pediu "paciência" à população e não deu muitos detalhes das restrições bancárias, que devem incluir limite de saques. O fechamento dos bancos pode ser estendido durante a semana, dependendo do rumo das negociações com os credores. Pelo menos € 5 bilhões foram sacados em 15 dias e jornais gregos relatam grandes filas em caixas eletrônicos neste fim de semana. O fechamento dos bancos ficou inevitável depois de o Banco Central Europeu informar neste domingo (28) que não vai aumentar o fundo de assistência emergencial às instituições bancárias. A ajuda, chamada de "ELA" (assistência de liquidez de emergência), serve para os bancos gregos reporem os recursos retirados pela população. Sem esse recurso, os bancos podem ficar sem dinheiro. O governo espera que o BCE mude de idéia até esta segunda-eira, para evitar que os bancos continuem fechados. A Grécia convocou para o dia 5 de julho um plebiscito sobre a negociação com os credores (FMI e BCE), suspensa por falta de acordo depois de várias reuniões nos últimos dias. A votação, que pegou os líderes europeus de surpresa, pode abrir caminho para o país deixar a zona do euro e agravar sua crise econômica. Para evitar o calote no FMI nesta terça-feira (30), a Grécia quer desbloquear o acesso a € 7,2 bilhões, última parcela do socorro de € 240 bilhões recebido do FMI e do BCE desde 2010. As negociações foram suspensas depois que a Grécia anunciou a consulta popular. Os credores exigem mais cortes de gastos e reforma profunda na Previdência. A Grécia fez uma proposta de ajuste de € 7,9 bilhões que não foi aceita. Eleito em janeiro sob a bandeira contra medidas de austeridade, Tsipras vive o dilema de topar um acordo que contradiz seu discurso de campanha ou levar o país a um caminho cada vez mais distante da zona do euro. O premiê faz uma aposta de risco político: se a população optar pela negociação, Tsipas vai, em tese, aceitar algo, segundo suas palavras, "humilhante" para a Grécia. O governo grego rejeitou na sexta-feira uma última oferta dos países da zona do euro de prorrogar por mais cinco meses a dívida em troca de receber uma ajuda de € 16,3 bilhões. O novo socorro dependeria, no entanto, de a Grécia concordar com as reformas. Duas pesquisas divulgadas por jornais da Grécia neste domingo (28) apontam que a maioria da população é a favor de um acordo com os credores e, consequentemente, da permanência na zona do euro. Os dois levantamentos foram feitos entre quarta (24) e sexta-feira (26), em meio às negociações com os credores e antes do anúncio do governo de uma consulta popular no dia 5 de julho sobre o tema. O Parlamento do país aprovou na madrugada deste domingo a realização da votação. Segundo pesquisa do jornal "Proto Thema", feita pelo instituto Alco, 57% defenderam um acordo com os credores para o país continuar no bloco da moeda única e 29% responderam preferir um rompimento. Ao todo, mil pessoas foram ouvidas. Já o jornal "To Vima" divulgou pesquisa do instituto Kapa com 1.005 entrevistados em que 47,2% são favoráveis a uma solução dentro da zona do euro e 33% votaram contra (18% estavam indecisos).
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