segunda-feira, 8 de junho de 2015

ANTISSEMITISMO NA UFSM – Presidente da Federação Israelita do RS envia e-mail a este blog

Zalmir Chwartzmann, presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, envia o e-mail que segue sobre post (post), que publiquei aqui. Leiam. Volto na sequência.
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Prezado Reinaldo Azevedo:

É com assombro que leio em seu blog o post intitulado “ANTISSEMITISMO NA UFSM: AS CONSEQUÊNCIAS 2 – Sobre ambiguidades e pusilanimidades. Ou ainda: Será tudo uma invenção do Reinaldo Azevedo?”.

Me toma de inopino a sua preocupação criar uma polêmica injustificada em relação à minha pessoa e à instituição da qual estou Presidente, sem mesmo averiguar a veracidade dos fatos. Ouso dizer que fostes vítima de uma fonte que distorceu os acontecimentos, de forma mal intencionada. Vamos aos fatos!

Segue abaixo a tua primeira afirmação:
“Federação Israelita do Rio Grande do Sul, comandada por Zalmir Chwartzmann — que também é presidente do Sindicato das Indústrias de Construção Civil do RS —, decidiu, sim, cobrar explicações sobre aquele descalabro. A entidade, no entanto, tentou antes o caminho do “deixa disso.”

Em primeiro lugar, não estou Presidente do Sindicato das Indústrias de Construção Civil do RS. Já estive no passado, cargo que exerci com muito orgulho e abnegação. Hoje, entretanto, apenas integro a Diretoria da instituição.

Em segundo lugar, a Federação Israelita do Rio Grande do Sul, neste caso, EM NENHUM MOMENTO buscou o caminho do “deixa disso”. Ao tomarmos conhecimento do assunto, imediatamente acionamos o nosso corpo jurídico, formado por renomados juristas gaúchos, e notificamos a Confederação Israelita do Brasil acerca dos fatos. Nossas notas de repúdio foram lançadas simultaneamente, e de comum acordo foram definidos os seus conteúdos. Prova disso é que a nota da CONIB, ao final, refere que “diante de ação dessa natureza, que suscita as piores memórias na comunidade judaica brasileira, a CONIB e a Federação Israelita do Rio Grande do Sul estão avaliando as medidas de natureza política e jurídica a serem tomadas”.

Sabemos que os movimento de Boicote, Sanção e Desinvestimento (BDS) contra Israel têm crescido sobremaneira no meio acadêmico, situação que nos causa enorme preocupação, razão pela qual estamos dispostos a levar o assunto às últimas consequências, com o objetivo de tornar este caso “exemplar”.

Prova disso é que o MEC, após provocação da FIRS e da CONIB, lançou nota repudiando a atitude da UFSM, e se comprometendo a apurar os fatos de maneira profunda. Ato contínuo, também lançamos nota em nossa fan page no Facebook, onde destacamos que “este primeiro passo é fundamental na construção de um caminho que leve à identificação e punição dos responsáveis”. A toda evidência, dessa frase depreende-se o nosso intuito de não colocar “panos quentes” no caso. 

Em teu post, a seguir, referes que “o jornalista e professor Luís Milman, que é judeu e entrou com uma queixa-crime contra a UFSM no Ministério Público Federal, foi chamado para uma reunião com a direção da federação. E ALI OUVIU, INFELIZMENTE, QUE TODOS TINHAM DE SER MUITO PRUDENTES E COISA E TAL E QUE, ORA VEJAM, OS JUDEUS NÃO PODIAM SE PAUTAR POR AQUILO QUE DIZ REINALDO AZEVEDO, QUE SERIA CONTRA O PT. O objetivo, tudo indica, era fazer com que Milman desistisse de levar o caso adiante.”

Reitero que o objetivo do convite feito ao Sr. Luís Milman para se reunir comigo e dois de meus Diretores, unicamente, não teve em nenhum momento o objetivo de fazer com que Milman desistisse de levar o caso adiante. O Sr. Milman, ao contrário do que afirmas, foi parabenizado pela sua prontidão em levar o caso adiante, ocasião em que indagou por qual motivo a FIRS ainda não tinha tomado providências similares. Respondi, então, que o assunto estava sendo avaliado pelo corpo jurídico, que decidiria pela melhor forma jurídica de conduzir o tema. Expliquei, ainda, que os tempos de resposta são distintos para os indivíduos e para as entidades. Como representante de uma comunidade de 12 mil gaúcho é mister que, antes de tomar qualquer decisão política ou jurídica, consulte os especialistas na área, sob pena de expor a comunidade judaica a constrangimento em caso de atitude irresponsável da minha parte.

Quanto à tua afirmação final de que “eu não brinco em serviço, não, doutor Zalmir Chwartzmann. E não gosto que brinquem comigo”, apenas me resta destacar que tampouco o faço e, repito, fostes vítima de uma fonte que distorceu os acontecimentos, de forma mal intencionada, sabe-se lá a serviço de que, ou de quem.

Por derradeiro, destaco que não nos afeta o teu posicionamento político-partidário, e que não o levamos em consideração ao avaliar a tua atividade jornalística. Tens plena liberdade de expressar o teu pensamento, assim como nós. E que bom que é assim, num Estado Democrático de Direito. E isso tem especial relevância no caso do antissemitismo, que ao longo da história esteve presente em diversos episódios ligados tanto à esquerda quanto à direita.

Ainda que não concordemos em tudo, reconhecemos que tens a coragem de ser uma voz dissonante, muitas vezes a única que se levanta em favor de Israel e dos judeus.

Espero que reconsideres o teu pensamento a meu respeito e da FIRS, e saiba o amigo que o meu telefone e e-mail estão sempre à sua disposição, para esclarecimentos ou contrapontos.
Um cordial shalom! 
Zalmir Chwartzmann
Presidente da Federação Israelita do RS

Comento
Caro Zalmir Chwartzmann,

Não quero criar polêmica nenhuma — ou, se nos voltarmos para a origem da palavra, quero, sim, mas não com a Federação Israelita do Rio Grande do Sul ou com você. Os que considero adversários, nesse caso, são outros, por óbvio. Acrescento ainda que tenho, sim, posicionamentos políticos claros, mas não partidários. Sou um liberal, e não há partido realmente liberal no Brasil. Ainda que houvesse, eu jamais a ele me filiaria porque tal atividade é incompatível com a independência que deve ter um jornalista.

Já corrigi, no post original, a informação errada sobre o seu cargo no sindicato. Quanto ao mais, melhor, então, que o ruído tenha sido fruto de um equívoco. Estou certo de que concordamos que um caso dessa gravidade não pode se extinguir sem consequências, doa a quem doer. Compreendo, sim, o seu cuidado, mas, no caso em tela, parece não haver dúvida sobre o ocorrido, não é mesmo?

Por Reinaldo Azevedo

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