segunda-feira, 27 de abril de 2015

Privatizações do petismo – Governo já fez essa propaganda antes, e nada aconteceu em razão da mistura de incompetência, ideologia rombuda e má-fé

A presidente Dilma Rousseff comandou uma reunião com boa parte do governo em pleno sábado — é preciso, afinal, mostrar que está trabalhando — para discutir um pacote de concessões na área de infraestrutura ao setor privado. Quando tucano faz isso, os petistas chamam o procedimento de “privatização” e saem por aí a vociferar contra a decisão. Quando são eles próprios a privatizar, então preferem a palavra “concessão”. Só para registro: sempre que um serviço público estiver em mãos privadas, dada a Constituição brasileira, o que se tem, de fato, é concessão. E por dois motivos: 1) há um prazo, ainda que longuíssimo, para a validade da operação do serviço; 2) sempre existe a possibilidade, ainda que remota, de a autorização, regulada por uma agência, ser cassada. Sigamos. José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, afirma que o pacote pode chegar a R$ 150 bilhões. Convém não se fiar em números tão mirabolantes. Não é que não exista potencial para até mais do que isso quando se consideram as carências nas áreas de transporte, portos e aeroportos, por exemplo. O problema é que o governo já demonstrou ter a roda presa. Desde que Dilma assumiu o poder, em 1º de janeiro de 2010, esta é a quarta vez que se fala numa grande arrancada na área de infraestrutura. E nada de substancial aconteceu nesses mais de quatro anos. Aliás, se considerarmos o período em que a atual governanta passou como chefona do setor — o tempo em que ela era a Dilmãe do PAC… —, acrescentem-se àquelas quatro outras tantas vezes. E por que nada de substancial acontecia? Entre outras delicadezas, os companheiros tinham a ambição de tabelar a taxa de retorno das empresas privadas. Isto mesmo: os iluminados decidiram fazer por aqui o que a China, oficialmente comunista, jamais faria por lá: tabelar o lucro dos empresários. Muita gente não topou. Ou, então, se faziam escolhas na área de concessão que geravam muita notícia e pouca estrada. Vejam o que aconteceu com a privatização — ou concessão — das rodovias federais. Na ânsia de atacar os tucanos de São Paulo, os gênios da raça decidiram impor um pedágio ridiculamente baixo. Resultado: o que antes não prestava continuou não prestando, mas com… pagamento de pedágio! Trata-se de um misto de ideologia rombuda com incompetência. E, claro!, acrescente-se a tudo isso a má-fé. Afinal, o governo que privatizou pouco soube pôr os bancos públicos a serviço de uns poucos eleitos, não é mesmo? Agora, parece, BNDES, Banco do Brasil e CEF terão uma participação mais discreta nos novos empreendimentos. Consta que o objetivo é atrair o capital privado. Vamos ver quais serão as regras. Por enquanto, tudo é falatório para movimentar o noticiário. Dadas as rodadas anteriores, é evidente que é o caso de ver com desconfiança esse ataque súbito de amor pelo óbvio e pelo bom senso. Por Reinaldo Azevedo

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