quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

CPI mista da Petrobras termina sem indiciamentos, gigantesco vexame do petralhismo

Petista Marco Maia entra para a história, pelo papel degradante
Apesar das gritantes evidências de um megaesquema de corrupção que sangrou os cofres da maior empresa brasileira, o relatório final da CPI mista da Petrobras, o Petrolão, apresentado nesta quarta-feira pelo deputado federal Marco Maia (PT-RS), poupou a cúpula da estatal de responsabilidades, desqualificou análises técnicas desenvolvidas pelo Tribunal de Contas da União e terminou por não indiciar nenhuma autoridade. Marco Maia entra para a história, sem sombra de dúvida, como o pai da degradação do papel parlamentar. O fim melancólico da CPI mista era previsível, já que os trabalhos do colegiado foram controlados por governistas petistas e nem deputados nem senadores tiveram acesso aos conteúdos das delações premiadas do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Youssef. As revelações de ambos incluem a informação de que parlamentares, governadores e até um ministro de Estado receberam propina do esquema petista do Petrolão. Em 903 páginas de relatório, ao não indiciar nenhuma autoridade, o petista Marcos Maia apenas recomenda o aprofundamento das investigações contra executivos e pessoas como o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como o operador do PMDB no Petrolão do PT, contra a ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, e contra ex-dirigentes da Petrobras, como Nestor Cerveró, ex-Diretor da área internacional, Paulo Roberto Costa, ex-Diretor de Abastecimento, Pedro Barusco, ex-Gerente-executivo de Serviços e Engenharia, e Renato Duque, ex-Diretor de Serviços e Engenharia. O texto apenas corrobora os indiciamentos feitos pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. "Nós indiciamos 52 pessoas. Estamos corroborando e ratificando, inclusive, todos os indiciamentos que já foram produzidos pela Polícia Federal", diz ele. O petista admite que pode mudar o relatório: "Aquilo que for mal entendido e mudanças que precisem ser produzidas no relatório eu acatarei com a maior tranquilidade", declarou ele após a reunião. O impasse se deve ao uso do termo "responsabilização" em vez de "indiciamento". A atual cúpula da Petrobras, presidida petista Maria da Graça Foster, e o ex-presidente da estatal, o também petista José Sergio Gabrielli, foram poupados de pedidos de aprofundamento de investigações. ​O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), pediu tempo para apreciar o relatório: "Não vamos poder tomar uma decisão em cima de um resumo", disse ele. O parlamentar também disse que a presidente é responsável pelos desmandos e deve ser mencionada no documento final: "Eu quero indiciar a presidente Dilma Rousseff, porque ela é a grande responsável por tudo isso", afirmou. O relatório do petista Marco Maia também encampa a tese governista de que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, atendeu a critérios mercadológicos – apesar do prejuízo bilionário causado pela transação. A oposição criticou: "O próprio delator já aponta que a operação de Pasadena alimentou o esquema de corrupção e de desvios da Petrobras", disse o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), em referência a Paulo Roberto Costa. Marco Maia, entretanto, não pretende alterar esse trecho do relatório: "Vamos resolver no voto", diz. O texto deve ser votado na quarta-feira que vem, cinco dias antes do fim do prazo de funcionamento da CPI.

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