sábado, 13 de dezembro de 2014

Analistas prevêem que Petrobras terá nota de crédito rebaixada

O novo adiamento da divulgação do balanço financeiro da Petrobras referente ao terceiro trimestre representa golpe irreversível na imagem da companhia, avaliam analistas do mercado financeiro. Os especialistas dão como certas a perda do grau de investimento, espécie de selo de qualidade que serve de referência para o investidor, e novas quedas nas ações da empresa. Sem essa chancela dada pelas agências de classificação de risco, o custo da empresa para levantar recursos tenderia a aumentar. "A empresa já perdeu completamente a credibilidade do investidor, e a não divulgação das demonstrações contábeis é um arranhão inestimável para sua imagem e para o Brasil. Se sua alta relação entre dívida e geração de caixa já tornava dificílimo captar recursos no mercado, agora ficou impossível. Não vejo qualquer possibilidade de sucesso na manobra lastreada em dívida da Eletrobras garantida pelo Tesouro", afirmou Alexandre Wolwacz, diretor da escola de investimentos Leandro&Stormer, em referência à estratégia elaborada pelo governo para reforçar o caixa da empresa. Para Wolwacz, as empresas de classificação de risco têm sido “bastante tolerantes” com a Petrobras: "Divulgar balanço é a regra básica do mercado, o que a empresa está fazendo é inadmissível para o mercado". Na avaliação de Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, divulgar um balanço não auditado já seria ruim para a credibilidade da companhia, mas não cumprir essa promessa “ultrapassa todos os limites”. "O mais dramático é que a expectativa para esse balanço era positiva, uma vez que a companhia está produzindo mais e operando mais plataformas. Infelizmente, quaisquer informações que sejam divulgadas daqui para frente não terão mais relevância, pois estarão muito descoladas do presente", disse Figueredo. Para Wolwacz, o adiamento da divulgação acentuará a queda das ações na Bolsa. "Antes, considerava-se que R$ 13,00 era um bom preço para comprar. Os investidores começaram a mirar os R$ 10,00. Daqui pra frente, a situação fica dramática porque o alvo será abaixo de R$ 5,00", explicou ele. A queda das ações resulta em perda de valor de mercado, um dos fatores decisivos para determinar o peso no índice de referência da Bolsa, o Ibovespa. Com uma influência menor no indicador, os chamados fundos passivos – que acompanham exatamente a composição do índice – serão obrigados a vender mais ações da Petrobras. "Será um círculo vicioso de quedas nas ações, que podem chegar a um patamar muito baixo", disse Wolwacz. Para o professor Gilberto Braga, do Ibmec-RJ, a avaliação entre os investidores e as agências de classificação de risco piora sem a publicação: "Passa uma insegurança para o mercado. Ou seja, nem o balanço é consenso dentro da empresa. O rating pode cair, pois não há nem um parecer do auditor".

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