Depois do protesto que mais uma vez deixou um rastro de destruição na maior cidade do país, o chamado Movimento Passe Livre (MPL), que se autocongratula embrionário das passeatas de junho de 2013, postou em sua página do Facebook a seguinte mensagem: "O ato #NãoVaiTerTarifa seguia da Marginal Pinheiros para se dispersar no Largo da Batata quando a Polícia Mlitar atacou os manifestantes". O movimento não redigiu uma linha para condenar com clareza os vândalos mascarados que depredaram o patrimônio público e privado – o equivalente a tacitamente endossar o que eles fazem. E resolveu culpar a Polícia Militar de São Paulo pela baderna. Na quinta-feira, a marcha convocada pelo MPL pretendia lembrar um ano da revogação do reajuste das tarifas de transporte público. Ao comunicar as autoridades que promoveria o ato, o movimento também fez um perigoso pedido em ofício enviado à Secretaria de Segurança Pública: queria a Polícia Militar distante porque "os movimentos sociais devem ter autonomia para promover sua própria segurança”. Mas nem de longe foi o que se viu. Minutos depois da marcha degenerar no quebra-quebra de sempre, com vândalos destruindo o que estava no caminho, os líderes do MPL rasgaram o que escreveram: "Não escolhemos quem participa dos nossos atos. Não foi o MPL que começou e não conseguimos sequer terminar o nosso ato, pois quando chegamos perto do Largo da Batata fomos atingidos por bombas da polícia", disse Lucas Monteiro, porta-voz do movimento, ao jornal Folha de S. Paulo. "A depredação não aconteceu durante o protesto, então não cabe ao MPL explicar o motivo", completou. Uma resposta bastante incoerente para quem reivindicava autonomia para assegurar a segurança do ato.
A passeata da quinta-feira foi convocada pelo MPL no dia 6 de junho em sua página no Facebook – a ideia de realizá-la já era debatida desde o dia 31 de maio. Nas redes sociais, os vândalos mascarados manifestaram apoio. Ao contrário do que diz o MPL, não era difícil, portanto, prever que o Black Bloc participaria – como ocorreu em todos os atos agendados pelo movimento, independentemente do tamanho do prejuízo causado pelos vândalos.
A Polícia Militar informou que destacou 500 homens para monitorar a manifestação e posicionou a Tropa de Choque e a Cavalaria para proteger o terminal de ônibus e a estação de metrô Pinheiros, considerados os principais alvos dos baderneiros – e onde o prejuízo ao patrimônio público poderia ser maior. Porém, ao contrário dos atos anteriores, a corporação abriu mão do protocolo eficaz de colocar homens caminhando lado a lado com os manifestantes, em cordões que sufocam atos de vandalismo e facilitam a identificação de quem esconde o rosto para depredar a cidade. Os policiais da chamada "tropa do braço", praticantes de artes marciais e treinados para conter os vândalos, também não foram escalados. A Polícia Militar diz que deixou seus homens distantes porque confiou – "e foi traída" – pelo MPL. Os danos causados pelos marginais deixaram claro que a decisão mostrou-se equivocada. Nesta sexta-feira, o governador Geraldo Alckmin afirmou que essa estratégia será revista.
Ofício do Movimento Passe Livre à Secretaria da Segurança Pública de São Paulo sobre o protesto de 19/06/2014
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, foi mais duro: "É inadmissível o acordo que foi feito entre a Polícia Militar e o MPL. É inaceitável a inércia, houve uma falha no tempo de resposta da Polícia Militar à ação daquele grupo de vândalos”, disse à Rádio Jovem Pan.
Foi assim também no Rio de Janeiro, onde os laços do MPL e dos Black Blocs se embaraçam com políticos de esquerda, como o deputado Marcelo Freixo (PSOL) e a ativista Sininho. No Rio de Janeiro, na greve do ano passado, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) resolveu turbinar a repercussão das manifestações de rua com um aval à ação dos mascarados. Os sindicalistas, amparados por quadros do PSOL e do PSTU que se instalaram no comando da entidade, afirmaram publicamente que o Black Bloc era, naquele momento, a “força de defesa” dos professores. Os mascarados entenderam o recado como uma convocação para o quebra-quebra, e assim fizeram. Quando mascarados mataram o cinegrafista Santiago Andrade, não houve professor para amparar a família da vítima.
Em maio deste ano, novamente os professores resolveram fechar o trânsito para um protesto em frente ao Palácio Guanabara, na Rua Pinheiro Machado, uma via importante de ligação do Centro com a Zona Sul da cidade. A manifestação prendeu no trânsito uma ambulância com um paciente em estado grave – como mostrou uma foto publicada pelo jornal O Globo. O protesto não teve quebra-quebra nem bombas de gás. Mas não há como considerar pacífico um ato que deixa ambulâncias presas. No último 12 de junho, quando o Brasil se mobilizava para o início da Copa do Mundo, os protestos estavam programados para ocorrer em várias capitais. No Rio de Janeiro, uma categoria relativamente pequena – os aeroviários – resolveu usar a data simbólica para cobrar atenção para suas reivindicações. Os aeroviários fecharam, então, o acesso ao aeroporto do Galeão. Mais uma vez, não houve quebra-quebra, mas um número incerto de passageiros perdeu vôos, compromissos, negócios e pacotes de férias por obra de algumas dezenas de manifestantes.
Os organizadores de protestos de rua em série têm, como ideal, um mundo em que as responsabilidades têm pesos e medidas diferentes. Uma manifestação de rua é, em resumo, um grande evento, com consequências para a cidade e seu entorno. Um ano depois da onda de protestos que chacoalharam o Brasil, qualquer movimento disposto a organizar um ato nas grandes cidades do país pode (e deve) prever que marginais mascarados aparecerão. É uma lamentável rotina que se repete especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde está concentrado o comando do Movimento Passe Livre.
O MPL nega responsabilidade e quer distância quando suas marchas saem do controle. Mas seu silêncio quando os protestos deixam um rastro de destruição parece soar como passe livre para os black blocs.
Em maio deste ano, novamente os professores resolveram fechar o trânsito para um protesto em frente ao Palácio Guanabara, na Rua Pinheiro Machado, uma via importante de ligação do Centro com a Zona Sul da cidade. A manifestação prendeu no trânsito uma ambulância com um paciente em estado grave – como mostrou uma foto publicada pelo jornal O Globo. O protesto não teve quebra-quebra nem bombas de gás. Mas não há como considerar pacífico um ato que deixa ambulâncias presas. No último 12 de junho, quando o Brasil se mobilizava para o início da Copa do Mundo, os protestos estavam programados para ocorrer em várias capitais. No Rio de Janeiro, uma categoria relativamente pequena – os aeroviários – resolveu usar a data simbólica para cobrar atenção para suas reivindicações. Os aeroviários fecharam, então, o acesso ao aeroporto do Galeão. Mais uma vez, não houve quebra-quebra, mas um número incerto de passageiros perdeu vôos, compromissos, negócios e pacotes de férias por obra de algumas dezenas de manifestantes.
Os organizadores de protestos de rua em série têm, como ideal, um mundo em que as responsabilidades têm pesos e medidas diferentes. Uma manifestação de rua é, em resumo, um grande evento, com consequências para a cidade e seu entorno. Um ano depois da onda de protestos que chacoalharam o Brasil, qualquer movimento disposto a organizar um ato nas grandes cidades do país pode (e deve) prever que marginais mascarados aparecerão. É uma lamentável rotina que se repete especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde está concentrado o comando do Movimento Passe Livre.
O MPL nega responsabilidade e quer distância quando suas marchas saem do controle. Mas seu silêncio quando os protestos deixam um rastro de destruição parece soar como passe livre para os black blocs.
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