domingo, 1 de setembro de 2013

ROGER PINTO MOLINA TEM GRAVAÇÕES DE AMEAÇAS DE MORTE, DIZ EX-SENADOR BOLIVIANO

Refugiado no Brasil desde 2011, o ex-senador boliviano de oposição Paulo Bravo afirmou em entrevista ao jornalista Claudio Humberto que o senador Roger Pinto Molina – de quem é amigo íntimo – tem gravações de ameaças de morte que sofreu na Bolívia e que o levaram a pedir asilo político na embaixada brasileira em maio do ano passado. “Ele tem ameaças de morte gravadas, de um assassino dizendo que tinha sido contratado para matá-lo. Está tudo gravado e foi entregue à embaixada brasileira”, declarou. Segundo Paulo Bravo, o senador oposicionista faz parte dos 756 perseguidos políticos da Bolívia que vivem hoje no Brasil, além daqueles que estão espalhados pelo Paraguai, Peru, Espanha, Estados Unidos, Uruguai. “Isso não pode ser normal”, conclui.O senador Roger Pinto Molina deixou a Bolívia, sem obter salvo-conduto, com a ajuda do embaixador Eduardo Sabóia e chegou ao Brasil no último sábado. A vinda do opositor, sem o conhecimento do Itamaraty, levou à queda do ex-ministro Antônio Patriota, substituído pelo chanceler Luiz Alberto Figueiredo. Leia, a seguir, a entrevista na íntegra:
- O senhor tem falado com o senador Roger Pinto Molina?
- Desde que chegou ao Brasil, falo com ele todos os dias. Acompanho o caso do começo, quando ele passou a sofrer processos na Justiça após denunciar esquema de narcotráfico envolvendo autoridades.
- Molina teme ser extraditado para a Bolívia?
- Pelo contrário, ele está muito tranquilo, até porque o Brasil respeita os direitos humanos e trata bem os refugiados que vem ao país. Acreditamos que não há hipótese de o Molina voltar para a Bolívia.
- O senhor se refugiou no Brasil pelos mesmos motivos de Molina?
- No meu caso, fui candidato ao governo e ganhei a eleição. Na época, o presidente me acusou de fraude e passei a receber ameaças. Foi quando Molina me chamou à casa dele, onde estavam um procurador, um juiz e o segundo comandante da polícia, que me alertaram que tinham uma ordem judicial para me prender. Dias depois, minha casa foi invadida. E isso que eu não tenho sequer um processo na Bolívia.
- Ou seja, a oposição é sufocada na Bolívia…
- Se abrir o bico, ou você é preso ou terá de sair do país. É isso que eles querem. Quem decide falar, logo se vê cheio de processos. O problema não é político, é judicial, porque não há direito de defesa, já vai direto para cadeia. Não existe Justiça na Bolívia.
- Foi o que aconteceu com Roger Pinto Molina?
- O problema é que ele recebeu documentos de pessoas do governo mostrando o envolvimento de ministros, policiais, promotores no narcotráfico. O presidente sequer quis receber as denúncias. No momento em que ele deu publicidade, sem citar nomes, começaram a surgir os processo por desacato, corrupção… Ele tem ameaças de morte gravadas, de um assassino dizendo que tinha sido contratado para matá-lo. Está tudo gravado e foi entregue à embaixada brasileira.
- Na sua opinião, o embaixador Eduardo Sabóia fez certo ao ajudar Molina a vir para o Brasil?
- A operação foi um risco, mas eu acho que ele fez certo. Ninguém sabe o que acontecia lá dentro. Eu acho que as doenças começaram por causa da depressão. Eu sempre falava com a filha do Molina, que me dizia estar preocupada com o pai. As visitas médicas aumentaram e ele começou a tomar água o tempo todo. Ele ficou muito deprimido.
- Quantos bolivianos vivem hoje no Brasil?
- Com o senador Roger Pinto Molina, são 756 perseguidos políticos que vivem no Brasil. Além disso, tem bolivianos espalhados pelo Paraguai, Peru, Espanha, Estados Unidos, Uruguai. Isso não pode ser normal.
- Como o senhor avalia o episódio, revelado pelo Diário do Poder, em que o presidente Evo Morales submeteu avião da FAB à revista de cães farejadores, tudo atrás de Molina?
- Eu soube ainda na época, por meio da embaixada brasileira e do Molina, mas a gente não quis fazer escândalo. O Evo Morales faz isso para se amostrar, ele vive disso. Quer provar que é o todo poderoso, respeitado, que tem poder para revistar avião do Brasil, retirar a Petrobras. Depois da morte de Hugo Chavez, ele sonha em ser o líder da América do Sul.

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