segunda-feira, 5 de agosto de 2013

BANCO RURAL PERDEU 26% EM ATIVOS COM JULGAMENTO DO MENSALÃO DO PT

O Banco Rural, que teve sua liquidação decretada na última sexta-feira, perdeu 26% dos ativos e 28% dos depósitos entre junho de 2012, pouco antes do julgamento do Mensalão do PT, e janeiro de 2013, último dado contábil entregue ao Banco Central. A deterioração na situação financeira da instituição foi um dos motivos que levaram o Banco Central a liquidar o banco, que vinha de seguidos prejuízos. A perda de ativos nesse período equivale a 1,6 bilhão de reais. A redução dos depósitos foi de 900 milhões de reais. A instituição já havia reduzido seu tamanho após o escândalo do Mensalão do PT, em 2005, quando foi apontada como responsável por abrir e manter contas de pessoas e empresas ligadas ao maior escândalo de corrupção da história do país. O número de agências, por exemplo, caiu de 85, na época, para 28 no fim do ano passado. A quantidade de funcionários foi reduzida de quase 2 mil para cerca de 600 pessoas. Mesmo assim, o banco conseguiu sobreviver por quase oito anos. A partir do julgamento, que levou à condenação de três de seus dirigentes, no entanto, uma crise de confiança se abateu sobre a instituição, que perdeu depósitos e bons clientes, segundo fontes com acesso aos números do banco. Com isso, a carteira de empréstimos piorou. O custo do dinheiro para o banco também vinha subindo, por conta da falta de confiança do mercado. Enquanto o Mensalão do PT afetava a credibilidade do banco, outros problemas na Justiça também ameaçavam a saúde financeira do grupo. Em julho de 2012, o Tribunal Superior do Trabalho autorizou o bloqueio e a execução de bens do Grupo Rural no valor de mais de 100 milhões de reais para o pagamento de dívidas trabalhistas do empresário Wagner Canhedo, ex-proprietário da extinta Vasp. Para o Judiciário, o Banco Rural auxiliou Canhedo a ocultar patrimônio. O grupo teve ainda bens bloqueados este ano no caso da Petroforte, por conta de uma transação que teria prejudicado credores da distribuidora de combustíveis. Os revezes na Justiça obrigaram o banco a aumentar a reserva de dinheiro para cobrir perdas com ações judiciais. A piora na carteira de crédito também exigiu mais capital. Os acionistas, entretanto, não conseguiram atender às exigências para sanear as contas da instituição. Tentaram ainda vender o banco, também sem sucesso. Como não havia perspectiva de uma ?solução de mercado?, expressão que significa salvar o banco sem o uso de dinheiro público, nem de melhora dos seus resultados, o banco foi liquidado.

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