quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Balança comercial registra em 2012 pior desempenho em 10 anos da era petista


A balança comercial brasileira registrou um superávit (exportações menos importações) de apenas US$ 19,43 bilhões em todo ano de 2012, informou nesta quinta-feira o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Frente ao ano de 2011, quando o saldo positivo somou US$ 29,79 bilhões, foi registrada uma queda de 34,75%. O saldo positivo do ano passado também representou o menor superávit da balança comercial brasileira desde 2002, quando as exportações superaram as importações em US$ 13,19 bilhões. Com crescimento menor da economia mundial, as exportações para outros países diminuíram. A crise financeira também gerou acirramento da competição internacional por mercados compradores, como o Brasil, e também dificultou as vendas externas brasileiras em outras nações. Durante todo o ano de 2012, as exportações somaram US$ 242,58 bilhões, com média diária de US$ 966 milhões, enquanto as compras do Exterior totalizaram US$ 223,14 bilhões (média de US$ 889 milhões por dia útil). Em relação ao ano de 2011, as vendas externas tiveram queda de 5,3% e as importações recuaram 1,4%. Além do saldo comercial divulgado oficialmente pelo Ministério do Desenvolvimento ter sido o menor em dez anos, analistas lançaram dúvidas sobre o resultado do ano passado. Eles lembraram que, em julho, a Receita Federal editou a instrução normativa 1.282, que concedeu mais prazo para a Petrobras registrar, no Siscomex (Sistema de Comércio Exterior) do governo as importações de derivados de petróleo, como combustíveis. Isso permitiu ao governo maquiar o resultado do ano. Normalmente, as empresas têm 20 dias para fazer o registro. Para a Petrobras, foi concedido um prazo de até 50 dias, o que retardou o lançamento, neste ano, de operações de importação de combustíveis e lubrificantes. Sem essa alteração, segundo os especialistas em comércio exterior, as importações de combustíveis registradas seriam maiores ainda, o que diminuiria o valor do superávit comercial deste ano. "A gente não sabe qual o resultado ainda. Faltam ser registrados mais ou menos US$ 6 bilhões em importações de combustíveis. Isso até outubro. Novembro veio um valor que corrigiu uma pequeníssima parte. Em dezembro, pelo menos o que estamos vendo até agora , parcial das primeiras duas semanas, está abaixo do que seria necessário para corrigir as defasagens. Não vou dizer que o saldo está 'maquiado'. Mas está claramente defasado", disse José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). O economista Rodrigo Branco, da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), também tem a mesma percepção. "O que a gente escuta dizer é que grande parte das importações de petróleo e derivados ainda ficaram para ser registrados neste ano de 2013. Já existe uma análise de mercado de que há US$ 6 bihões que não foram totalmente contabilizados no fim de 2012 e que uma parte disso, que a gente não sabe dizer quanto, ficaria para ser contabilizado em 2013. É um valor relevante, importante", declarou ele. Para 2013, os economistas dos bancos acreditam que o valor do superávit da balança comercial registrará nova queda, atingindo cerca de US$ 15,5 bilhões.

Nenhum comentário: