terça-feira, 6 de março de 2012

Cientistas brasileiros vão participar do projeto da nova estação de pesquisas na Antártica

A Marinha vai ouvir os pesquisadores no planejamento, desenvolvimento de projeto arquitetônico e construção de uma nova estação científica na Antártica, em substituição à Estação Comandante Ferraz que sofreu um incêndio há dois finais de semana. A promessa é do comandante da Marinha Júlio Soares de Moura Neto, que esteve presente nesta seguna-feira em audiência pública promovida por três comissões do Senado. “A participação dos pesquisadores é extremamente bem-vinda. Eles apresentaram as suas necessidades, vai ser muito útil”, disse após ter afirmado que “a razão de estarmos na Antártica é a pesquisa”. A demanda pela participação na reconstrução da estação foi feita pelo geólogo Jefferson Simões, do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele representa os pesquisadores na discussão sobre a recuperação da estação na Antártica. Essa é uma das reivindicações apresentadas na semana passada, pelos pesquisadores, ao governo federal. O comandante considera criar uma nova estação com design mais moderno como é o caso da estação antártica da Espanha, que tem uma forma de Y. “É uma idéia muito interessante, módulos independentes, ligados por corredores”. A expectativa do Ministério da Defesa é que a reconstrução venha a custar R$ 100 milhões e só comece no fim de 2013, após aprovação da comissão internacional responsável pelo cumprimento do Tratado da Antártica (prevista para junho daquele ano). Antes disso, a partir de novembro de 2012, início do período com temperatura mais elevada no continente, a Marinha terá que remover os escombros da estação que pegou fogo. Unidades próximas, como os módulos científicos, instalações isoladas para casos de emergência (refúgio), os tanques de combustíveis e o heliporto da estação foram preservados. As atividades nesses locais, porém, foram interrompidas por causa da falta de energia (à base de diesel). Módulos emergenciais serão instalados no local para produzir energia de fonte eólica e solar, e também para abrigar quem vai trabalhar na recuperação da base. Além da participação na reconstrução, os pesquisadores brasileiros querem que mais um navio seja arrendado por até dois anos, no período das obras, para dar continuidade às pesquisas. Essa demanda, no entanto, ainda não teve resposta do governo, que fará uma análise de custo e benefício para verificar se o projeto vale a pena, considerando a necessidade de manutenção da embarcação e as dificuldades de navegação no inverno. O valor estimado pelos cientistas para o arrendamento é R$ 17 milhões. O secretário executivo do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), Luiz Antonio Elias, destacou que não houve, nos últimos anos, contingenciamento de gastos do governo no Programa Antártico (Proantar). “Não houve descontinuidade de recursos e não haverá descontinuidade das pesquisas”. Segundo os números que ele apresentou, entre 2007 e 2011, o governo investiu R$ 130,6 milhões em pesquisa no continente. Desses, R$ 80 milhões foram gastos entre 2008 e 2009 com o navio Almirante Maximiano, que tem capacidade para receber 35 pesquisadores em cinco laboratórios. Os valores extrapolam os gastos descritos no Orçamento da União, que, segundo a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), caiu de R$ 17 milhões, em 2010, para R$ 14 milhões, em 2011 e R$ 11 milhões, em 2012. Segundo Elias, a principal fonte de recursos foi o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e não o Orçamento. Para Jefferson Simões, o problema maior não é a falta de recurso, mas a falta de continuidade das transferências.

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