terça-feira, 6 de março de 2012

Amorim diz acreditar no profissionalismo das Forças Armadas

Ao comentar as reações de militares da reserva contrárias ao debate no governo sobre os crimes políticos ocorridos durante o regime militar (1964-1985), o ministro da Defesa, Celso Amorim, disse nesta terça-feira acreditar no "profissionalismo" das Forças Armadas. Além disso, sugeriu que as afrontas são um desrespeito ao Congresso. Em entrevista no Senado, ele observou que a Comissão da Verdade, que está sendo montada para analisar violações de direitos humanos cometidas de 1946 a 1988, foi criada por uma lei aprovada pelos parlamentares. "Não estou preocupado com questões de afronta. O importante é o respeito à autoridade civil", disse. "Da mesma maneira que respeitamos o profissionalismo dos militares, recriando condições de trabalho que estavam muito precárias, respeitamos a lei", disse o ministro da Defesa. Celso Amorim afirmou que há muita "especulação infundada" sobre o assunto. "A Comissão da Verdade é lei. Temos que respeitá-la", disse. O ministro ressaltou que a polêmica sobre um possível caráter persecutório da comissão, que poderia ter capacidade de julgar e aplicar penas a envolvidos em crimes, acabou ainda no processo de aprovação da lei. "A lei será aplicada na integralidade na observância da Lei da Anistia", completou, referindo-se à lei dos anos 1970 que teria perdoado, na interpretação da Justiça, militares ou civis que cometeram crimes políticos. "Não há porque essa inquietação por questões não colocadas. Isso foi pactuado. O governo respeitará o que foi pactuado." Na entrevista, o ministro evitou rebater oficiais da reserva que, em ataques na imprensa, chegaram a fazer referências à presidente Dilma Rousseff, presa no período do regime militar. Ele se limitou a dizer que as reações estão sendo analisadas pelos comandantes das forças. Assessores do governo disseram que os comandantes foram orientados a cumprir regulamentos disciplinares de cada uma das forças. Desde que Celso Amorim resolveu "engrossar" com os militares, o manifesto redigido pelos mesmos já tem como signatários 81 generais, 384 coronéis, 92 tenentes-coronéis, 22 majores, 44 capitães e 56 tenentes. São, pois, 679 militares, além de um desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e de 392 civis.

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