segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Uruguai pede dados de mortos no Brasil

O governo do Uruguai se prepara para solicitar ao Brasil arquivos sobre uruguaios mortos e desaparecidos no País nos anos da ditadura militar. A revelação foi feita na segunda-feira pelo ministro de Relações Exteriores do Uruguai, Luis Almagro, em Genebra. A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, já indicou que o País está disposto a oferecer as informações que serão solicitadas pelos uruguaios. Na segunda-feira, na ONU, ela garantiu que haverá "transparência plena" sobre os documentos, mas não disfarçou o mal-estar ao ser questionada sobre a carta enviada por militares criticando sua postura sobre como tratar o passado. "Precisamos ir no sentido contrário ao que os países da região fizeram nos anos da ditadura quando criaram a Operação Condor. Agora, precisamos ir no sentido inverso e usar o fato de que somos democracias para contribuir justamente na troca de informações", disse Almagro. Segundo o ministro, as investigações em Montevidéu já indicaram o desaparecimento de uruguaios em vários países da região, inclusive no Sul do Brasil. "Vamos fazer um pedido de informações ao Brasil", disse ele, sem dar detalhes dos casos. O chanceler admitiu que já há casos identificados de uruguaios que desapareceram no Paraguai e diz que também vai pedir esclarecimentos. O Uruguai tem sido um dos líderes na busca por informações e abertura de investigações sobre sua ditadura, que durou de 1973 a 1985. O presidente José Mujica, ex-guerrilheiro tupamaro, conseguiu mudar a legislação para tornar os delitos imprescritíveis. Maria do Rosário antes de entrar para o PT militou durante vários anos no PCdoB, partido no qual iniciou sua atividade política. E o PCdoB foi o responsável pela implantação da Guerrilha do Araguaia, tentativa terrorista iniciada na segunda metade da década de 60, quando o Brasil ainda vivia um clima de razoável liberdade, embora na ditadura, antes da decretação do AI-5. Aliás, há uma grande curiosidade para saber se a ministra Maria do Rosario vai mostrar o mesmo empenho na investigação do assassinato de Kurt Kriegel, dono do restaurante Rembrandt, em Porto Alegre, na noite de 22 de setembro de 1968, por um comando terrorista que pretendia arrecadar fundos para a "revolução".

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