domingo, 19 de fevereiro de 2012

Estudos sobre supervírus da gripe aviária permanecerão em segredo

Os dois estudos científicos que tratam de uma nova forma mutante e letal do vírus da gripe aviária, o H5N1, não serão publicados até que se saiba a extensão dos reais riscos à população mundial. A decisão, anunciada na sexta-feira, é da Organização Mundial da Saúde, chamada para intermediar o encontro entre os representantes americanos do NSABB (Conselho Científico para a Biossegurança Nacional) e os cientistas autores das pesquisas. O governo dos Estados Unidos pediu que os artigos fossem censurados e não publicados pelas duas das mais importantes revistas científicas, a "Nature" e a "Science", por temer que as informações fossem usadas em ataques bioterroristas. O vírus mutante torna a gripe aviária muito mais fácil de ser transmitida entre mamíferos e poderia provocar uma pandemia mundial muito maior que a da gripe espanhola (1918-1919), quando 40 milhões de pessoas morreram. As duas pesquisas vieram de grupos distintos, mas as conclusões são similares. Um é holandês, do Centro Médico Erasmus, coordenador por Ron Fouchier; o outro é da Universidade de Wisconsin, liderado por Yoshihiro Kawaoka. De acordo com elas, a transmissão do supervírus entre mamíferos seria como uma gripe comum, mas com a característica de ser letal. Fouchier, que participou da reunião de dois dias, disse que a pesquisa "deve ser publicada" em algum momento no futuro. Hong Kong foi a primeira localidade onde se detectou o H5N1, cuja ocorrência é maior em países asiáticos. Até o momento, a transmissão da doença entre humanos é rara. Cerca de 700 pessoas foram infectadas no mundo todo desde 2003, com a morte de metade delas. Hoje, só se pega a doença pelo contato com patos, galinhas e outras aves, mas não por indivíduos infectados. A mutação teria garantido ao vírus se espalhar pelo ar, o que o torna muito mais perigoso segundo o governo americano.

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