segunda-feira, 13 de junho de 2011

Parentes de desaparecidos políticos criticam sigilo de documento

Repercutiu mal entre pesquisadores e parentes de desaparecidos políticos a decisão do governo Dilma de manter no projeto da Lei de Acesso a Informações Pública dispositivos que possibilitam a manutenção de sigilo eterno em documentos oficiais. Vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Vitória Grabois classificou como "estarrecedora" a iniciativa e lamentou que a presidente Dilma Rousseff tenha aceitado a postura dos senadores Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e José Sarney (PMDB-AP). Filha, viúva e irmã de três militantes do PCdoB desaparecidos na Guerrilha do Araguaia, na primeira metade da década de 1970, Vitória Grabois afirma que o Brasil é o país mais atrasado da América Latina em sua política de acesso a informações públicas. "É lamentável que justamente no governo da senhora Dilma Rousseff haja um retrocesso como esse. Ainda mais para atender a uma reivindicação do Collor e do Sarney", disse a vice-presidente do Tortura Nunca Mais. "Podemos protestar, fazer denúncia, pressão, abaixo-assinado, alertas. Podemos fazer tudo. Mas, hoje, estou descrente", afirmou Vitória Grabois. Para a professora Maria Celina d''Araujo, do Departamento de Sociologia e Política da PUC do Rio de Janeiro, a pressão pela manutenção do sigilo eterno é reflexo de um pacto de silêncio: "Não há uma pressão militar específica. Embora a maior parte dessa documentação se refira ao período do regime militar, há uma elite política civil que concorda com a restrição de liberdades".

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