segunda-feira, 28 de março de 2011
MST perde três quartos do número de acampados
Às vésperas do início de sua jornada nacional de lutas, o chamado “abril vermelho”, a organização terrorista Movimento dos Sem Terra (MST), a maior organização do País, enfrenta um dos desafios mais dramáticos de sua história: a contenção do rápido esvaziamento de seus acampamentos. No primeiro ano do governo do presidente Lula, existiam 285 acampamentos de sem-terra no País, de acordo com levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Em 2009 a quantidade despencou para 36. Em 2010 o número foi ainda menor, segundo dados preliminares do novo relatório da CPT que será divulgado nos próximos dias; e em 2011 as dificuldades de mobilização só aumentam. Dias atrás, o militante Luciano de Lima, um dos coordenadores do movimento no interior de São Paulo, teve dificuldade para reunir 27 pessoas na invasão de uma área da Ferroban, em Paraguaçu Paulista. O total de pessoas acampadas no País passou de 400 mil para menos de 100 mil entre 2003 e 2010, segundo estimativas da direção nacional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Para o secretário da coordenação nacional da CPT, Antonio Canuto, o esvaziamento é acentuado. Chefetes do MST admitem o problema. A causa principal, na opinião deles, seria o crescimento do número de postos de trabalho no País, especialmente na construção civil. Gilmar Mauro, que faz parte da coordenação nacional e é reconhecido como um dos principais ideólogos do movimento, observa que a construção civil absorve grande volume de trabalhadores egressos do campo, com pouca especialização profissional, que eram os primeiros a se mobilizar pela reforma, desejosos de retornar ao local de origem. Para Antonio Canuto é preciso considerar também a falta de empenho do governo na execução da reforma: “Ninguém se dispõe a passar anos debaixo da lona de um acampamento se não houver uma perspectiva mínima de atendimento de suas reivindicações. No início do mandato de Lula as pessoas acreditavam que ele faria a reforma e por isso foram para os acampamentos. Com o tempo percebeu-se que o empenho do governo não era tão forte como se havia prometido. Agora a situação é pior, a reforma não está no horizonte do novo governo". O professor Bernardo Mançano Fernandes, do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma (Nera), ligado à Unesp, diz que é preciso considerar também a influência do Bolsa Família. Na sua avaliação, o programa deu mais opções de sobrevivência às famílias mais pobres, que relutam na hora de se deslocar para o acampamento, onde enfrentam muitas dificuldades.
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