segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

FAO vira questão de honra para Brasil

A primeira batalha diplomática do governo Dilma Rousseff foi aberta oficialmente nesta segunda-feira. Depois de protocolar a candidatura do ex-ministro José Graziano à direção-geral do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) na sexta-feira, a briga pelo cargo estará aberta. Questão de honra para o País, a campanha de Graziano deixa de lado o tom diplomático e critica abertamente a possível indicação de um europeu, antecipando o que deve ser a maior disputa pelo cargo. O principal rival do ex-ministro brasileiro deverá ser Miguel Ángel Moratinos, ex-chanceler espanhol. Apesar de as candidaturas só serem confirmadas na primeira semana de fevereiro, Moratinos já declarou que disputará. A munição brasileira será esta: como ele, um representante da região que mais investe em subsídios para o setor agrícola, pode querer dirigir um órgão que tem como meta promover a agricultura dos países mais pobres? O fim dos subsídios para setores agrícolas de exportação tem sido uma das maiores batalhas da FAO. O atual diretor-geral, o senegalês Jacques Diouf, é abertamente crítico, responsabilizando os europeus pela dificuldade de os países mais pobres desenvolverem sua agricultura e encontrarem mercado para seus produtos. Em 2010, os europeus gastaram quase 40 bilhões apenas em subsídios. A campanha brasileira mira diretamente os países do hemisfério sul. Já obteve apoio oficial do Mercosul e da Unasul, os grupos que representam a América do Sul, e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que inclui Portugal, Timor Leste, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Na semana que vem, Graziano vai à África, durante a Cúpula das Nações Africanas, para angariar votos.

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