terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Filhos de Lula são sócios em duas holdings

Dois dos filhos do presidente Lula, Fábio Luís e Luís Cláudio, abriram em 16 de agosto deste ano duas holdings (sociedades criadas para administrar grupos de empresas), a LLCS Participações e a LLF Participações. Ao final de oito anos de mandato do pai, Lulinha e Luís Cláudio figuram como sócios em seis empresas. Apenas uma delas, a Gamecorp, tem sede própria e corpo de funcionários. Seu faturamento em 2009 foi de R$ 11,8 milhões e seu capital registrado é de R$ 5,2 milhões. Ela tem como sócia a empresa de telefonia Oi, que controla 35%. As demais cinco empresas não funcionam nos endereços informados pelos filhos de Lula à Junta Comercial de São Paulo. São empreendimentos que ainda não saíram do papel. As seis empresas dos filhos de Lula atuam ou se preparam para atuar nos ramos de entretenimento, tecnologia da informação e promoção de eventos esportivos. São segmentos em alta na economia, que ganharam impulso do governo federal. Lula, por exemplo, foi padrinho das candidaturas vitoriosas do Brasil para organizar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Na maioria desses negócios, Lulinha e Luís Cláudio têm como sócios pessoas próximas de Lula. Um dos mais novos empreendimentos da dupla, a holding LLCS, por exemplo, foi registrada no endereço da empresa Bilmaker 600, na qual os dois não têm participação societária. A Bilmaker tem como controlador o engenheiro Glaucos da Costamarques, de 70 anos, que é primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do presidente Lula. Os outros sócios da Bilmaker, Otavio Ramos e Fabio Tsukamoto, são sócios de Luís Cláudio, filho do presidente, na ZLT 500, empresa de produção e promoção de eventos esportivos. Assim como a holding, a ZLT também só existe no papel. Está registrada em um endereço do bairro Morumbi, em São Paulo, onde há só uma casa abandonada. Criada em julho, a ZLT tem ainda como sócio José Antonio Fragoas Zuffo, empresário da região do ABC. Sócio na Bilmaker e na ZLT, Otávio Ramos diz que não sabia que os filhos de Lula haviam registrado uma empresa na sede da Bilmaker. "Isso me preocupa. Vou ligar para eles. Não sabia nem da existência dessa holding. Não sei nem do que se trata nem quero saber", disse. Ramos afirmou que a empresa não faz negócios com o governo para não gerar especulações: "Somos amigos deles e já iriam ver maldade". A Bilmaker, disse, é uma empresa de exportação e importação de "qualquer coisa". A outra holding criada pelos filhos de Lula neste ano, a LLF, foi registrada no prédio da PlayTV, emissora de jogos on-line. Os programas da PlayTV só são veiculados na Sky, que distribui o canal como cortesia, e pela OiTV. A PlayTV é controlada pela Gamecorp, o maior dos empreendimentos de Lulinha. Inaugurada em dezembro de 2004, a Gamecorp recebeu injeção de R$ 5 milhões da telefônica Telemar (hoje Oi), em um negócio investigado pela Polícia Federal há três anos, naturalmente sem resultados. Quando se soube, em 2006, que a Oi, então Telemar, havia se associado à Gamecorp, o presidente Lula disse que seu filho era o "Ronaldinho" dos negócios. "Eles fizeram um negócio que deu certo. Deu tão certo que até muita gente ficou com inveja", afirmou ele. No final de 2009, a empresa tinha capital negativo. Meses antes de a Gamecorp ser constituída, Fábio Luís se tornou sócio da G4 Entretenimento e Tecnologia Digital, tendo como parceiros filhos de um velho amigo de Lula, Jacó Bittar, fundador do PT e ex-prefeito de Campinas, hoje no PSB. Foi por meio da G4 que Lulinha virou sócio de outra empresa, a BR4 Participações, criada em 2004, e que, três anos depois, ganhou como sócio Jonas Leite Filho, sobrinho do ex-senador Ney Suassuna (PMDB-PB). Jonas Leite é conhecido pelo projeto que criou a versão da Bíblia lida pelo apresentador Cid Moreira, da TV Globo, um sucesso de vendas. A BR4 é, por sua vez, acionista da Gamecorp. Lulinha diz que sua evolução patrimonial nos últimos oito anos está de acordo com suas atividades profissionais e com seus ganhos. O mesmo afirma seu irmão Luís Cláudio. "É público e notório, trabalho com futebol e tive o retorno compatível com a minha atividade profissional em grandes clubes do País, como São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Santos", afirmou. Luís Cláudio disse que a LLCS foi registrada no endereço de outra empresa porque o negócio está no início: "Ainda estou procurando um local definitivo para a sede. Por ora, ela possui apenas um endereço de referência, que poderá se tornar definitivo caso eu consiga locar uma sala da Bilmaker, gerida por grandes amigos meus".

Um comentário:

julio disse...

Brasil, terra de oportunistas (políticos). Rui Barbosa, o exemplo de moralidade pública, certamente, lá em cima, está decepcionado com os homens públicos brasileiros, os quais demonstram ter vergonha de ser honestos.