terça-feira, 26 de outubro de 2010

Empresária confirma propina a Israel Guerra

Em depoimento de mais de duas horas à Polícia Federal, a empresária Ana Veloso Corsini confirmou nesta terça-feira que seu irmão, o piloto de Motocross Luís Corsini, pagou propina de R$ 40 mil a Israel Guerra, filho da ex-ministra petista Erenice Guerra (Casa Civil), braço direito da candidata petista Dilma Rousseff, pela intermediação de um patrocínio de R$ 200 mil da Eletrobrás, em 2008. Com isso, o delegado Roberval Vivalvi, encarregado do inquérito, deve preparar o indiciamento de Israel. Segundo relato de Ana Veloso, o patrocínio estava "entravado" e chegou a ser recusado, quando Israel, apresentado ao piloto, ofereceu-se para reverter a situação, alegando que "a mãe e a tia" o ajudariam a remover as dificuldades. A tia a quem Israel se referia seria a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, substituída por Erenice no cargo em março deste ano, quando ela se desincompatibilizou para disputar a Presidência da República pelo PT. Erenice é braço direito de Dilma desde 2003, quando a candidata tornou-se ministra de Minas e Energia. A Eletrobrás era a área onde as duas exerciam mais influência, e onde Dilma Rousseff tem como dirigente outro braço seu, Valter Cardeal. Ana contou à polícia que, de fato, após a intermediação de Israel, a Eletrobrás reconsiderou o projeto de patrocínio à equipe Corsini Racing e o dinheiro saiu em duas parcelas, em julho e agosto de 2008. Ela relatou que, atento às datas de liberação, o filho de Erenice fez pressões pelo imediato pagamento da sua "comissão". Como Corsini demorou a efetuar o pagamento, ele intensificou a cobrança e estendeu as pressões a Ana, que trabalha na equipe. Ela disse ter ficado chocada com a situação. "Foi chantagem mesmo e eu vim aqui reafirmar tudo em detalhes", disse ela, ao chegar para depor. Corsini depôs na última quinta-feira e confirmou que a propina foi paga em duas parcelas, uma em dinheiro, no valor de R$ 24 mil, e a outra, de R$ 16 mil, em cheque. A Polícia Federal já requisitou a cópia do cheque e colheu outras provas de que a propina foi integralmente paga. Além de Israel, deve ser indiciado o irmão, Saulo, em nome do qual está registrada a empresa de consultoria Capital, usada como central de lobby de familiares da ex-ministra petista.

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