domingo, 8 de agosto de 2010

Revista Veja confirma existência de vídeo de Roriz, candidato-fazendeiro

A revista Veja desta semana publica reportagem de Diego Escosteguy confirmando a existência de vídeo em que o ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, aparece contando o dinheiro a ser pago a um suposto "laranja" dele, além de desvendar alguns negócios do candidato-fazendeiro. A existência do vídeo foi revelada em primeira mão pela coluna do jornalista Claudio Humberto, no dia 17 de julho. Diz o repórter de Veja, Diego Escosteguy: "A cena é espantosa. Joaquim Domingos Roriz, o fazendeiro que fez fortuna às custas dos cofres públicos de Brasília nos últimos 20 anos, cumprimenta o interlocutor, recosta-se na poltrona e arrasta com as mãos uma caixa que estava embaixo da mesa de centro. “Quanto?”, pergunta de chofre o homem que governou por quatro vezes o Distrito Federal, mandatos nos quais distribuiu terras e contratos, colhendo em troca votos e dinheiro. “Foi dez, né?”, responde André Alves Barbosa, o interlocutor, que filmou o encontro na casa de Roriz, no começo deste ano, e cuja família é laranja do ex-governador em imóveis e operações bancárias. Dez, no caso, corresponde a dez mil reais. “Isso tudo?!”, surpreende-se Roriz. O ex-governador retira maços de dinheiro da caixa. E repassa ao laranja. Um, dois, três, quatro... Enquanto conta a dinheirama, Barbosa cobra o pagamento de um empréstimo rural contraído por sua família, cujo beneficiário era, óbvio, Roriz: “Governador, como faz o negócio da fazenda? Vai resolver lá no Banco Real?”. Surgem mais pacotinhos de dinheiro. Diz Roriz: “Depois das eleições (...) vou no banco”. O laranja interrompe: “Vai e ajeita?”. Roriz completa: “Claro! (...) Se preocupar agora é pior”. E aparecem mais pacotinhos. “Seis, né?”, confere o ex-governador. “Falta (sic) mais cinco”, esclarece Barbosa. Dá-lhe pacotinhos em cima da mesa – e o laranja exulta: “Obrigado, governador!”." Osvadino e o neto de Roriz - Mais adiante, a revista conclui: "Na gravação com Roriz, a dívida a que se refere André foi contraída em 1995 por seu avô, Geraldo Alves Barbosa. Somava 210 mil reais e se destinava à criação de gado. O avô-laranja era dono, ao menos no papel, da Agropecuária Estiva. Ele deu como garantia ao banco os 12,5 mil alqueires da Fazenda Queimados, que fica em Goiás. De acordo com André, o laranjinha, tanto a agropecuária quanto a fazenda sempre foram de Roriz. Localizado pela reportagem, Luiz Antônio Barbosa, um dos filhos do avô-laranja, que consta como sócio da agropecuária e como antigo dono da fazenda, disse nunca ter tido qualquer empresa ou imóvel rural. “Nunca tive fazenda, moço. Mas o meu pai já teve coisas com o Roriz”, ele explica. Questionado se era laranja do ex-governador, Luiz Antônio afirmou: “Não posso falar”. O Banco Real executa judicialmente a dívida e pede há anos a penhora da fazenda. Em 2000, contudo, a fazenda mudou de dono – quer dizer, no cartório. A família-laranja ficou com a dívida, mas repassou a propriedade das terras para Osvaldino Xavier, amigo de Roriz e dono da Nely Transportes, empresa que coletava lixo em Brasília. “Ele também é laranja”, diz André. A reportagem foi até a fazenda, para olhar de perto o laranjal. Na entrada do local, uma placa informa que o empresário-amigo Osvaldino é o dono. Mas um funcionário logo avisa: “A fazenda é do Juliano”. E quem é Juliano? Trata-se de Juliano Roriz, neto do ex-governador.

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