quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Uruguai punirá emissoras que ignoraram rede nacional

O presidente do Uruguai, o socialista Tabaré Vázquez, da coalizão esquerdóide Frente Ampla, decidiu punir 36 rádios e TVs que desobedeceram a ordem oficial para transmitir, em cadeia nacional, uma propaganda pela revogação da Lei de Anistia. A decisão, tomada nesta semana por Vázquez, após reunião com seu gabinete de ministros, refere-se a um episódio ocorrido em outubro passado, no primeiro turno da eleição presidencial que manteve a Frente Ampla no poder o presidente eleito, o tupamaro José Mujica, que assume no próximo dia 1º. Simultaneamente à eleição, o Uruguai realizou um plebiscito, defendido pela Frente Ampla, que propunha anular a lei de anistia a militares que cometeram crimes durante a ditadura (1973-1985). Evidentemente, tratava-se de propaganda eleitoral casada. Promulgada em 1987, a lei havia sido referendada em consulta popular em 1989. No plebiscito de outubro passado, a proposta foi rejeitada por 53% do eleitorado. O comitê em defesa da anulação havia obtido do governo de Vázquez autorização para transmitir em cadeia nacional de rádio e TV uma peça com o testemunho de três vítimas da ditadura, incluindo Macarena Gelman, neta do poeta argentino Juan Gelman. Assim como o de Macarena, os demais depoimentos relatavam a história de filhos de militantes assassinados pelo regime. Sequestrados quando bebês pelos militares, foram adotados ilegalmente por casais que se diziam seus pais biológicos. Só na idade adulta eles descobriram sua identidade. O ministro da Indústria do Uruguai, o tupamaro Raúl Sendic, pasta à qual está vinculada a Diretoria Nacional de Telecomunicações, declarou que a decisão do governo é "exemplificativa" e que as multas deverão ser aplicadas de acordo com o alcance de audiência e a envergadura econômica das empresas. O presidente da Associação Nacional de Broadcasters Uruguaios (Andebu), Rafael Inchausti, disse que "causa estranheza a oportunidade escolhida pelo presidente para fazer esse anúncio, a poucos dias de deixar o cargo". É que Tabaré Vazquez não poderia deixar de manifestar seu lado bolivariano e macaquear igual a Hugo Chavez, tratando de agir contra os órgãos de comunicação. Segundo o representante das empresas de comunicação, o descumprimento, de 36 emissoras num total de 363, ocorreu porque não houve adequada comunicação, por parte do governo, da ordem para a formação da cadeia. Ele afirma que "a notificação foi feita às emissoras unicamente por e-mail e depois do horário normal de expediente".

Nenhum comentário: