domingo, 16 de agosto de 2009
Brasil compra submarino francês por uma fábula
Está desfeito o mistério que vinha sendo mantido pelo Ministério da Defesa, desde fins do ano passado, sobre o preço que pretende pagar por quatro submarinos convencionais (diesel-elétricos) Skorpène, da estatal francesa DCNS, mais um casco que viria a receber um reator nuclear desenvolvido pelo Brasil, dentro de 20 anos. Nota publicada no Diário Oficial da União na última quarta-feira revela que cada embarcação custará um bilhão de euros (ou cerca de R$ 2,7 bilhões), mais do que o dobro do valor da oferta feita anteriormente por uma empresa da Alemanha. De acordo com a nota assinada por Alexandre Meira da Rosa, secretário-executivo da Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex), o pacote oferecido pelo presidente Nicolas Sarkozy custará 6,8 bilhões de euros, o equivalente a cerca de dois anos do programa Bolsa Família. A compra terá de ser aprovada pelo Congresso Nacional. Daquele total, 1,8 bilhão de euros representa o custo da construção de um estaleiro e de uma base naval no litoral fluminense exigida pelo governo francês. Os restantes cinco bilhões de euros pagam as embarcações. Tratou-se de uma "operação casada" apresentada pela França: para levar os submarinos, o Brasil teria também de aceitar aquelas duas obras. A escolha surpreendeu inclusive a própria Marinha do Brasil que, no seu Boletim de Ordens e Notícias, número 806, de dezembro de 2006, assinado pelo então comandante daquela força, almirante Roberto de Guimarães Carvalho, se declarava "satisfeita com o desempenho dos atuais submarinos", e com "as indiscutíveis vantagens decorrentes da manutenção de uma linha logística já existente, tanto na parte relativa ao material (construção e manutenção), como na concernente à formação do nosso pessoal". Vale dizer que a França não usa esses submarinos. O Brasil é especialista em comprar sucatas francesas.
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