quarta-feira, 24 de junho de 2009

Petrobras tira gerente que gastou R$ 151 milhões

Geovane de Morais, ex-gerente da Petrobras, demitido por justa causa por suspeitas de desvio de recursos, estourou o orçamento de sua área em 2008, ano de eleições municipais, em quatro vezes. Ele gastou, sem licitação nem autorização formal, R$ 120 milhões a mais do que o previsto. Entre as empresas beneficiadas por Geovane de Morais estão duas produtoras de vídeo que trabalharam nas campanhas do governador Jaques Wagner (PT-BA) e de duas prefeitas do PT. As produtoras receberam R$ 4 milhões em 2008, sendo R$ 1,5 milhão para filmar festas de São João e Carnaval na Bahia. Ligado à ala do PT baiano oriunda do sindicato dos petroleiros e químicos do Estado, Geovani de Morais tinha um orçamento na comunicação do Abastecimento de R$ 31 milhões para o ano passado. Contudo, fez pagamentos de R$ 151 milhões. A estatal reconheceu que uma das razões para a demissão, formalizada em abril, foram os gastos muito acima do orçamento. Além disso, a empresa informou que ele desrespeitou outras normas internas, como pagamentos sequenciais a uma mesma empresa, ao invés de celebrar um contrato. Em outras palavras, no lugar de negociar um pacote com um mesmo fornecedor, o que permite reduzir custos, Geovani de Morais fazia vários desembolsos picados, elevando os ganhos dos prestadores de serviços. Essa prática é muito usada para driblar licitações e favorecer empresas previamente escolhidas. As duas produtoras ligadas ao PT, a Movimento Produções e a M&V Produções, estão nessa situação. Foram mais de 90 pagamentos às duas produtoras, com diferença de dias na maioria dos casos e referentes a serviços diretamente interligados. Há desembolsos distintos, por exemplo, para filmagem e sonorização do mesmo evento. Os dados demonstram que os valores destinados às duas explodiram depois que Geovani de Morais assumiu o cargo, no final de 2004. Naquele ano, somente a Movimento foi contratada, por R$ 163 mil. No ano seguinte, as duas embolsaram R$ 291 mil. Em 2006, ano em que Jaques Wagner se elegeu, foi R$ 1,074 milhão, passando para R$ 1,87 milhão em 2007. Em 2008, chegou aos R$ 4 milhões. Vagner Angelim, dono das produtoras, nega favorecimento. Ele trabalhou na vitoriosa campanha de Wagner ao governo da Bahia, em 2006. Outra empresa beneficiada por Geovani de Morais é a Captura Produções. No ano em que foi aberta, em 2008, recebeu R$ 1,15 milhão da Petrobras. Entre seus clientes está a Movimento Produções.

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