segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Relatório da Polícia Federal revela detalhes bandidos da parceria Corinthians-MSI

Um relatório de 72 páginas da Policia Federal, produzido ao longo dos últimos 12 meses com investigações e escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, revela em detalhes o submundo da parceria Corinthians/MSI. Nele, há diálogos estarrecedores de seus principais personagens, como o presidente corintiano Alberto Dualib, Kia Joorabchian, homem forte da MSI no Brasil, o líder da oposição no clube, Andrés Sanchez, e até de gente do governo Lula tentando facilitar a entrada no Brasil do condenado magnata russo Boris Berezovski. A Polícia Federal batizou o trabalho de “Operação Perestroika”. Também não escapou dos grampos da Polícia Federal acertos de jogadores, como do meia Ricardinho, hoje no Besiktas, da Turquia, com Kia, de quantias pagas em contas fora do País, o que caracteriza evasão de riquezas e sonegação fiscal. O trabalho da Polícia Federal corrobora a série de denúncias feitas pelos Ministérios Públicos Federal e Estadual aos dirigentes corintianos, em especial Alberto Dualib e seu vice Nesi Curi, assim como os investidores da MSI. Em um dos diálogos grampeados, Kia e Ricardinho acertam comissão no valor de US$ 1,144 milhão (R$ 2.173,6 milhões): "...conforme combinaram, o dinheiro vai ser pago hoje, mas acho que só vai ser creditado amanhã, pois está pagando fora do País". Ricardinho pergunta se será avisado do crédito e Kia manda que o jogador procure por Alexandre Verri, advogado da MSI. A Polícia Federal relatou ainda que a MSI esteve à frente da contratação do técnico Emerson Leão, fato sempre negado por seus dirigentes, e que pagaria somente R$ 400 mil de salário mensal a ele. A escuta foi gravada dia 14 de agosto de 2006, às 12h16, da então noiva de Kia, a advogada Tatiana Alonso, com quem ele se casou na sexta-feira. Dualib e Paulo Angioni, da MSI, dizem a Tatiana minutos depois que o clube se comprometeria a bancar os outros R$ 100 mil, totalizando R$ 500 mil que Leão queria ganhar no Parque São Jorge. O técnico ainda pediria R$ 3 milhões de luvas na contratação e o mesmo valor após um ano, além de R$ 1 milhão se levasse o time à Libertadores, dinheiro que o clube tomou emprestado da Federação Paulista de Futebol. As escutas da Polícia Federal também revelam crise conjugal, com veladas ameaças, entre o meia Carlos Alberto, hoje no Werder Bremen, da Alemanha, e sua ex-mulher, Gisele. Ela deixa mensagem no celular do jogador no dia 5 de setembro, às 11h10, dizendo que "vai abrir a boca sobre o depósito do salário que é feito metade aqui (no Brasil) e metade na Suíça". Gisele diz ter como comprovar todos esses depósitos. Em Londres, Renato Duprat, sem cargo na parceria e no clube, mas de confiança de Dualib, convence o presidente corintiano de que falta pouco para o governo legalizar a entrada no País de Berezovski, e com ele os US$ 2 bilhões (R$ 3,8 bilhões) que prometeu investir no Corinthians e no Brasil de Lula. Kia diz à noiva que Boris acha "Leão um idiota" e o clube "uma bagunça política". Tatiana pede a Kia que abandone o Corinthians logo. Dualib reclama dos custos de sua estadia em Londres, gravação do dia 25 de setembro. Diz que a conta iria ser de "100 paus" e "100 paus no cartão" o imposto de renda pega. O líder da oposição Andrés Sanchez teve seu nome citado no relatório da PF, em conversa de Dualib e Duprat dia 8 de outubro, às 17h52. "... ele (Andrés) está sabendo o que falar na (Polícia) Federal, porque, depois da nota da MSI que desmente a participação de Boris na parceria, ninguém mais pode falar em Boris, o Boris acabou".

Um comentário:

Sidarta Martins disse...

Gostei do seu texto, coloquei-o linkado a um texto de um corinthiano experiente e, logo, sofrido - http://nacal.blogspot.com/2007/12/manuscrito-numa-garrafa.html

Abraços,