domingo, 24 de janeiro de 2016

Empresário afirma que pagou propina para o PT


Silvinho Pereira, o Land Rover, ex-secretário geral do PT
O empresário Fernando de Moura, ligado ao PT e réu da Operação Lava Jato, afirmou que pagou propina para o partido e que seus contatos sobre valores ilícitos foram feitos com o ex-secretário-geral da legenda Silvio Pereira e com o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque – preso desde abril de 2015, em Curitiba. “Qualquer coisa que fiz a nível de partido, de conversa, foi feito através do Sílvio Pereira”, afirmou Moura. Interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro, como réu no processo do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula), o lobista apontou pelo menos 10 contratos da Petrobrás – obras de gasodutos, plataformas – em que ele diz ter feito acertos envolvendo Sílvio Pereira e Duque e que tinham o PT como beneficiário. “Porcentagens de valores de comissão para o diretório nacional e diretório estadual, e São Paulo”, afirmou Moura. “Isso, tanto com o senhor, quanto o Sílvio?”, questionou o procurador na audiência realizada na sexta-feira, 22, na Justiça Federal em Curitiba, base da missão Lava Jato.. “Tenho certeza que o Sílvio conversou comigo e com o Renato (Duque) também (sobre percentuais)”, disse Moura. O procurador insistiu no detalhamento: “O senhor conversou com os empresários sobre isso também?” “Não. Os empresário eu não tive nenhum contato. O contato era direto com o Sílvio”, respondeu afirmativamente Moura, que fechou acordo de delação com a Lava Jato. Apontado como elo de José Dirceu com a indicação de Renato Duque para diretor da Petrobrás na área de Serviços – que seria cota do PT, no fatiamento político das diretorias da estatal, que envolvia ainda PMDB e PP, Moura detalhou que participou de acertos de propina. Uma parte ia para o PT, uma parte para os agentes públicos e outra parte para ele. Moura contou que ‘um primeiro negócio’ que fez na Petrobrás, já com Duque na Diretoria de Serviços, foi relacionado à empresa Hope Serviços e que a propina girou em torno de 3% sobre o valor do contrato. “Um contrato de R$ 40 milhões, eu levei o negócio. “Com relação aos recebimentos de José Dirceu o senhor tinha participação, alguma vez coletou valores em espécie em favor dele?”, perguntou o procurador da força-tarefa. “Nada. E nunca negociei com o Zé, direto, de dinheiro de nada.” O lobista afirmou que Pereira “nunca” lhe “falou que estava dando para o Zé”. “Nunca paguei nada para ele e ele nunca pagou nada para mim.” Moura foi questionado se Silvio Pereira sempre foi o contato entre ele e Dirceu, ele explicou: “Silvo Pereira era quem eu tinha contato com ele, a minha relação com Zé era muito mais de amizade”. O delator afirmou que depois foi sucedido pelo operador de propinas Milton Pascowitch – que nesta semana confirmou os pagamentos de propina a José Dirceu. “Quando eu apresentei o Milton para o Zé eu estava fora (do País). O Milton passou a fazer umas coisas que eu fazia e até um pouco mais. Aí, acredito que ele nem tinha mais contato com o Sílvio, que ele tinha contato com o Zé.” O juiz federal Sérgio Moro quis saber que tipo de “coisas que o sr fazia, o que?. Parece meio obscuro isso”. “Não é obscuro, é até bem claro meritíssimo. Eram os contatos que eu fazia direto na companhia com diretores e gerentes para fazer esse tipo de negociação”, respondeu o lobista.

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