domingo, 12 de agosto de 2018

Cristina Kirchner via propina ser paga, diz delator

Oscar Centeno, o motorista de Roberto Baratta – braço direito do ex-ministro de Planejamento, Julio de Vido –, descreveu na sexta-feira um mecanismo de retirada de fundos, cada dia de um ministério, e disse que a então presidente argentina, Cristina Kirchner, às vezes estava no local de recebimento do dinheiro. “Meu dia era quinta-feira. Tinha um dia para a arrecadação de cada ministério e entre os nossos estava o de Turismo, na Suipacha 1111”, disse Centeno ao juiz federal Claudio Bonadio e ao promotor Carlos Stornelli. O ex-motorista é o responsável por ter anotado em oito cadernos datas, valores e locais de recebimento e entrega dos subornos a ex-funcionários dos governos de Néstor e Cristina Kirchner. Confirmando o declarado na quinta-feira por Juan Manuel Abal Medina, o ex-motorista explicou: “muitas vezes fomos à Casa Rosada fazer as entregas, quando estava Abal Medina, que era chefe de gabinete dos Kirchners na época de campanha em que se pedia propinas às empresas”. Abal Medina disse acreditar que o dinheiro era doações para as campanhas. Centeno fez as declarações em meio ao acordo de delação premiada e Bonadio advertiu que se for comprovado que ele está mentindo não só voltará à prisão como terá uma punição dupla: uma por coparticipação e outra por mentir. 

“Na época de Cristina Kirchner também levávamos as sacolas com dinheiro. Nestas ocasiões ela usava agasalho de corrida e cruzava da casa onde morava para o chalé onde o dinheiro era deixado”, explicou Centeno. Ele acrescentou que a autorização para a entrada do dinheiro na residência presidencial de Olivos era dada pelo secretário da ex-presidente. Segundo Centeno, “Cristina dava ok e íamos do ministério para Olivos, ou passávamos no local de retirada do dinheiro e de lá íamos para Olivos. Fomos umas sete ou oito vezes a Olivos”. Ele também revelou que, no fim do mandato, Roberto Baratta e a ex-presidente acabaram brigando. “Com Néstor Kirchner íamos várias vezes por trabalho, em algumas ocasiões entregamos as sacolas com dinheiro até três vezes por semana”, disse Centeno, acrescentando que após sua morte as “arrecadações caíram a uma vez por semana”.

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