quarta-feira, 18 de julho de 2018

Torre assumiu a coleta do lixo em Aracajú, no lugar da Cavo, do grupo megalixeiro Estre, envolvido em fraude na prefeitura de São Paulo


A Torre Empreendimentos assumiu nesta terça-feira, 17, a coleta de lixo na capital sergipana, Aracaju. O contrato é referente à licitação do lixo, que teve seus vencedores anunciados em janeiro. A Cavo Serviços e Saneamento S.A. realizou o serviço até segunda-feira, 16, em cumprimento ao contrato emergencial firmado em fevereiro deste ano. A Cavo pertence ao grupo megalixeiro Estre. Ambas, Cavo e Estre, estão envolvidas em mega fraude que desviou mais de 200 milhões de reais na execução do contrato de limpeza de São Paulo pelo Consórcio Soma, o que é apontado no inquérito da Polícia Federal na Operação Descarte. Cavo, Estre Ambiental e o apartamento-mansão do ex-proprietário do grupo lixeiro, Wilson Quintella Filho, foram invadidos pela Polícia Federal em operação de busca e apreensão. O empresário megalixeiro Wilson Quintella Filho teve sua prisão pedida pelo delegado federal, mas a juíza que despacha no processo não atendeu este pedido. 

A vencedora em Aracaju dos lotes um, dois e quatro foi a Torre, que administrará um contrato de mais de R$ 70 milhões. O primeiro diz respeito à coleta, transporte e descarga de resíduos sólidos urbanos; o segundo é para coleta, o transporte e a descarga de resíduos sólidos da construção civil e volumosos; já o último lote é de à limpeza geral e roçagem mecanizada. O terceiro lote era desempenhado também pela Torre em regime emergencial, mas a BTS ganhou a licitação e assumiu este serviço no dia 1º de julho. Os lotes dois e quatro já eram feitos pela Torre, então não houve mudança. 

Há 15 dias, a Torre protocolou uma carta solicitando intermediação do Ministério Público do Trabalho, para que houvesse a transição dos trabalhadores da Cavo, que já deu aviso prévio e que pudesse ceder horas ou turnos para que fizessem o processo de seleção e contratação. “A Torre possui pessoal para trabalhar, pois estamos realizando seleção há mais de um mês. Mas não queríamos que os trabalhadores da Cavo, que tinham sido da Torre, perdessem a oportunidade de emprego, porque essa massa de trabalhadores é que já vem trabalhando há muito tempo neste serviço. Queríamos que esse pessoal fosse contratado e não fosse prejudicado com o desemprego”.

Na esfera judicial, a Cavo busca reverter o resultado da licitação do lixo. No Ministério Público Estadual do Sergipe, há um inquérito civil em curso provocado pela Cavo, que questiona a flexibilização de prazos e exigências de qualidade previstas na licitação. Sob a ótica da empresa pertencente ao grupo megalixeiro Estre Ambiental, envolvido em corrupção, pagamento de propinas e fraudes, a Torre descumpriu uma série de quesitos do edital sobre disponibilização de veículos e equipamentos, planilha de custos e inidoneidade da composição do preço por ter sido baseado em regime tributário diverso do efetivamente praticado.

Na semana passada, foi feita uma representação da Cavo contra a Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb). Nela, a Cavo classifica a Emsurb como “omissa e condescendente ao não promover a rescisão do contrato celebrado com a Torre”. Ainda na última semana, a juíza Hercília Maria Fonseca Lima Brito, da 12ª Vara Cível, negou pedido da empresa Cavo e manteve os prazos concedidos pela Emsurb à Torre para iniciar a prestação de serviços previstos no processo licitatório. A Torre venceu a licitação, mas solicitou ampliação dos prazos para fazer as adequações necessárias dos equipamentos necessários para realizar a limpeza pública. 

Nenhum comentário: