segunda-feira, 16 de julho de 2018

Greve dos caminhoneiros fez explodir a inflação nos supermercados, preços tiveram maior alta da história em junho

Os preços em supermercados de São Paulo subiram 3,55% em junho ante maio, segundo mês seguido de alta e maior aumento da história para um mês, conforme a Associação Paulista de Supermercados (Apas). O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS/FIPE refletiu a greve dos caminhoneiros. Com este resultado, o acumulado que apresentava deflação de 0,29%, em 2018, agora apresenta inflação de 3,25%, destaca a entidade em nota. Em junho 25 das subcategorias que compõem o IPS registraram aumento de preço. Em maio apenas oito apresentaram aumento. "A Apas observou os preços no atacado durante os momentos mais graves da crise de abastecimento e percebeu uma variação significativa, principalmente, no preço por quilo do frango congelado, que do final de abril a meados de junho aumentou 69%. Este movimento de alta dos preços também ocorreu para boa parte dos hortifrutigranjeiros, outras proteínas, alguns industrializados, assim como dois itens mais querido dos brasileiros: arroz e feijão", explica o economista da Apas, Thiago Berka.

Leite e aves foram os grandes vilões do mês de junho, segundo a Apas. O primeiro manteve a rota de intensa alta subindo 19% no mês e alcançando 36% no acumulado de 2018. Já as aves subiram 21% e devolveram toda a queda de preço de 2018, uma vez que estava em 14% de deflação devido o embargo às exportações. Com isso chega a uma alta de 4% no ano. "Quando juntamos aos aumentos do mês os ovos, que subiram 9%, carnes bovinas e suínas, que tiveram - cada uma - alta de mais de 7%, o arroz, elevação de 4% e o feijão, aumento de 3,4%, percebemos um cenário bastante complicado para o consumidor que fez compras em junho", avaliou o economista da APAS.

A associação reiterou a estimativa de que a inflação dos supermercados deve encerrar 2018 com alta de até 4%. "Para que isso aconteça, confiamos que a tabela de fretes não será aprovada e que a safra brasileira será a segunda melhor da história", comentou Thiago Berka, que mostrou sinais de otimismo para inflação mais controlada em julho. "Nas primeiras semanas do mês de julho os preços no atacado começaram a melhorar, principalmente o frango e o leite. Os dois vilões de junho devem apresentar diminuição no ritmo de aumento de preços o que fará que o IPS não apresente uma inflação tão forte de novamente", afirma. 

Produtos in natura (hortifrutigranjeiros) voltaram a subir em junho, com 3,92% de aumento. A batata liderou com mais de 13% de alta. Para a Apas, como o efeito de subida de preços foi praticamente observado em todas as categorias, desde frutas, legumes, verduras e até ovos, fica evidente que a correlação de elevação de preços e a greve. "As dificuldades logísticas naturais dos hortifrutigranjeiros foram evidenciadas na greve de maio, entretanto, fica difícil apurar os efeitos do transporte bloqueado das rodovias com entressafras e quebras de safra", explicou Berka. A cebola continua como líder de aumento de preços devido as quebras fortes de safra e dólar alto. Porém, o cenário pode começar a mudar no segundo semestre já que em junho foi observada queda de 7% nos preços do produto, observa a associação.

Os preços das bebidas alcoólicas foram uma das duas categorias que apresentaram deflação em junho, com redução de 1,63%. Quem ajudou a manter esse índice para baixo foi a cerveja, que no acumulado do ano já caiu 2,38%. "Por ser um chamariz de vendas e a estrela em mês de copa do mundo e festas juninas, as bebidas alcoólicas são uma categoria com muitas promoções para atrair fluxo de pessoas. Isso explica um pouco a deflação neste segmento", avaliou o economista da APAS. Nas bebidas não alcoólicas houve aumento de 0,59%, mas, no acumulado do ano permanece em deflação de 0,47%. O refrigerante, outro produto que cresce bem em vendas em copa do mundo e festas juninas, está com pequeno aumento de 0,34% em 2018.

Os artigos de limpeza subiram menos que os alimentos, com leve alta de 0,37%, em junho, chegando a 0,89% no acumulado de 2018. Nos artigos de higiene e beleza os preços tiveram alta de 0,60%, porém, se mantiveram em deflação no ano, com redução de 0,92%. "Mesmo com dólar alto e um junho complicado esta categoria demonstra uma estabilidade de preços surpreendente, criando expectativas positiva para preços estáveis no segundo semestre", conclui Berka.

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