quinta-feira, 5 de julho de 2018

Exército homenageia soldado Mario Kozel Filho, assassinado em atentado de comando terrorista integrado por Dilma Rousseff e Diógenes de Oliveira


O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, presidiu na manhã desta quinta-feira, em São Paulo, uma cerimônia em homenagem ao soldado Mário Kozel Filho, assassinado há 50 anos por um comando terrorista da VAR integrado, entre outros, por Dilma Rousseff e Diógenes de Oliveira que perpetrou um ataque a bomba ao quartel general do atual Comando Militar do Sudeste, na época Comando Militar do 2º Exército. Em seu discurso, o general condenou o episódio, e disse que o Brasil aprendeu com o “incidente” e recomendou “prudência nos ânimos” atuais.


Enterro de Mário Kozel Filho, que morreu na explosão de um carro-bomba em 1968

Mario Kozel Filho foi assassinado em atentado praticado terrorista praticado pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), em 1968, contra o quartel-general do 2.º Exército, em São Paulo. Nos meses subsequentes foram presos pelos militares dez dos acusados de participação no atentado. Um deles – Eduardo Leite, o Bacuri – foi morto depois de preso em 1970, em São Paulo. E outro, o ex-sargento Onofre Pinto, foi morto em uma ação do Centro de Informações do Exército (CIE), em Foz de Iguaçu, no Paraná. “Aquele incidente com o soldado Kozel, vítima inocente do terrorismo, nos obriga a exercitar o maior ativo humano – a capacidade de aprender. Agora é um momento que nos aconselha, aos brasileiros e às instituições, a prudência nos ânimos, que pede sabedoria para iluminar o futuro e, principalmente, exige a união dos esforços para construí-lo”, dirá o general Villas Boas em seu discurso.

Lembrando que é “um encontro de soldados”, o general completou: “É necessário que as instituições cumpram os papéis que lhes são destinados e impõe a submissão das querelas pessoais e institucionais subordinando-as aos interesses da nação de forma a colocar o Brasil acima de tudo”. Depois de citar que “a fratura da sociedade”, ocorrida naquela época, “é uma experiência para ser lembrada”, o general acrescenta que ela “nos deixou ensinamentos que não podem ser esquecidos ou negligenciados”. “A morte do soldado Mário Kozel Filho foi consequência do ambiente da guerra fria que se refletia no mundo e penetrava no Brasil. Um período de entusiasmos artificializados, de intolerâncias incitadas e de paixões extremadas que faziam os brasileiros míopes para a realidade civilizada. Foi um tempo que nos dividiu, que fragmentou a sociedade e nos tornou conflitivos”, afirmou Villas Boas.  

A homenagem a Kozel Filho contou com a presença da irmã do soldado, além de outros militares que foram feridos na época. O comandante Villas Bôas, mesmo com problemas de saúde, fez questão de se deslocar para São Paulo para estar no evento.

Filho de Mário Kozel e Therezinha Lana Kozel, Mário Kozel Filho, o "Kuka", tinha dezoito anos quando deixou de frequentar as aulas e de trabalhar na Fiação Campo Belo com o pai, gerente da empresa, para iniciar o serviço militar obrigatório no 4º Regimento de Infantaria Raposo Tavares, em Quitaúna, no município de Osasco, em 15 de janeiro de 1968. Em Quitaúna passou a ser o soldado nº 1.803 da 5ª Companhia de Fuzileiros do Segundo Batalhão, 4º Regimento de Infantaria, Regimento Raposo Tavares. 

Na madrugada de 26 de junho de 1968, após seis meses de iniciação no serviço militar, morreu em um atentado a bomba. Diógenes José Carvalho de Oliveira, Dilma Rousseff, Pedro Lobo de Oliveira e José Ronaldo Tavares de Lira e Silva, integrando um grupo de onze militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), lançaram um carro-bomba, sem motorista, contra o Quartel General do II Exército, no bairro de Ibirapuera, em São Paulo. A guarda disparou contra o veículo, que bateu na parede externa do Quartel General. Mário foi em direção ao carro-bomba. A carga com vinte quilos de dinamite explodiu em seguida, atingindo uma área de raio de 300 metros. O corpo de Mário Kozel Filho foi despedaçado e saíram feridos gravemente outros seis militares.

Os militares que saíram gravemente feridos no atentado foram o coronel Eldes de Souza Guedes e os soldados João Fernandes de Sousa, Luiz Roberto Juliano, Edson Roberto Rufino, Henrique Chaicowski e Ricardo Charbeau. Kozel foi sepultado com honras militares no Cemitério do Araçá. No atentado foram utilizados três automóveis Volkswagen-Fusca e uma camionete. O atentado só não fez mais vítimas porque o carro-bomba não conseguiu penetrar no Quartel-General por ter batido em um poste.

Participaram da ação os seguintes integrantes da VPR: Waldir Carlos Sarapu, Wilson Egídio Fava, Onofre Pinto, Diógenes José Carvalho de Oliveira, José Araújo de Nóbrega, Oswaldo Antônio dos Santos, Dulce de Souza Maia, Renata Ferraz Guerra de Andrade, José Ronaldo Tavares de Lira e Silva, Pedro Lobo de Oliveira e Eduardo Collen Leite, integrante da REDE, outro grupo guerrilheiro.

Renata Ferraz, chamada pelos militares e pela imprensa de "a terrorista loura", guerrilheira da VPR e participante da ação, disse, trinta anos depois, que o atentado teve um motivação quase infantil. Dias antes, o mesmo grupo havia assaltado um hospital militar para roubar armas e o então comandante do II Exército, general Manoel Rodrigues Carvalho de Lisboa, foi aos meios de comunicação dizer que o ato tinha sido covarde e sem heroísmo e que desafiava os guerrilheiros a fazerem isso nos quartéis dele. A resposta da VPR aceitando a provocação foi lançar um carro-bomba contra o próprio QG do II Exército. Renata diz que os integrantes do grupo depois se penitenciaram por isso, ao cair na provocação do general e que o "atentado não serviu para nada, a não ser matar o rapazinho".

O terrorista Diógenes de Oliveira, que participou do atentado, teve envolvimento com o terrorista comunista venezuelano Chacal, que cumpre pena perpétua na França. Também foi um dos membros do comando que assassinou o capitão americano Charles Rodney Chandler, no dia 12 de outubro de 1968, em São Paulo. Durante o governo do Exterminador do Futuro, o petista Olívio Dutra, no Rio Grande do Sul, Diógenes de Oliveira comandou o Clube da Cidadania, uma organização montada pela alta nomenklatura petista gaúcha para receber e lavar dinheiro extorquido de bicheiros, bingueiros e maquineiros. Diógenes de Oliveira foi grampeado pelo ex-chefe de Polícia Civil do Rio Grande do Sul, delegado Luiz Fernando Tubino, que gravou conversa entre os dois, na qual o ex-terrorista dizia ter ordens do governador Olívio Dutra para receber todas as contribuições de contraventores recebidas mensalmente. Uma das gravações veio a público na CPI da Segurança Pública, que liquidou politicamente com o governo de Olívio Dutra. 

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