quarta-feira, 23 de maio de 2018

Escritor norte-americano Philip Roth morre aos 85 anos

 
O escritor norte-americano Philip Roth morreu na última terça-feira, 22, aos 85 anos, devido a uma insuficiência cardíaca congestiva. Sua morte foi confirmada por seu agente literário, Andrew Wylie. Roth escreveu mais de 30 livros, incluindo ‘Patrimônio’, obra que examinou a sua complexa relação com o seu pai e ganhou o National Book Critics Circle Award. Nos seus últimos anos de vida, Roth se virou para uma crise existencial e sexual de média idade, sem nunca abandonar o seu compromisso de explorar a vergonha, o constrangimento e outras culpas secretas do ser humano, ainda que sempre com uma dose de humor. Após mais de 50 anos como escritor, Roth decidiu que ‘Nemesis’, publicado em 2010,seria o seu último romance. A obra aborda uma epidemia de poliomielite em Nova Jersey, onde Roth cresceu. Ele então voltou ao passado e releu todas as suas obras “para ver se eu teria perdido o meu tempo”, declarou em uma entrevista ao The New York Times em 2014. Em 2017, ele publicou ‘Why Write’ (sem tradução em português), uma coleção de ensaios e trabalhos não-ficcionais escritos entre 1960 e 2013.

Sua obra mais famosa é o romance ‘Complexo de Portnoy’, publicado em 1969. A obra é uma narrativa em primeira pessoa sobre Alexander Portnoy, um jovem advogado bem-sucedido de Nova York. O livro retrata uma série de notórias cenas de masturbação e tentativas frustradas do protagonista de perder a virgindade. O primeiro livro publicado por Roth foi ‘Adeus Columbus’, de 1959, uma coleção de contos que ganhou o National Book Award. Muitos de seus romances, incluindo “Zuckerman acorrentado” e “Fantasma sai de cena” apresentam Nathan Zuckerman, um personagem que é visto como um alter ego de Roth. Apesar de seus romances habitualmente explorarem a experiência judaica na América, Roth, que dizia ser ateu, rejeitava ser rotulado como um escritor judeu americano. “Essa não é uma questão que me interessa. Eu sei exatamente o que significa ser judeu e não é interessante”, ele disse ao The Guardian em 2005. “Eu sou americano”. Roth ganhou o Pulitzer pelo sua obra ‘Pastoral Americana’ de 1997, que retrata o impacto dos anos 1960 em uma família de Nova Jersey. Roth também recebeu a Medalha Nacional das Artes na Casa Branca em 1998. Philip Milton Roth nasceu em março de 1933, em Newark, Nova Jersey. Filho de um vendedor de seguros, Roth se graduou na Universidade de Buckle e concluiu um mestrado em Inglês na Universidade de Chicago. Ele largou o programa de doutorado em 1959 para escrever críticas de filmes para a revista New Republic antes de publicar “Adeus, Columbus”.

Roth ensinou literatura comparativa na Universidade da Pensilvânia. Ele se aposentou de dar aulas em 1992. Ao longo dos anos, Roth foi um prolífico autor até a sua aposentadoria da escrita em 2012. Os seus mais recentes trabalhos foram ‘O Animal agonizante’, de 2001, e ‘A marca humana’, publicado em 2000 e transformado em filme em 2003 com atuações de Anthony Hopkins e Nicole Kidman. Roth já declarou que o ato de escrever é para ele “cheio de medo, solidão e ansiedade”. Mas, ele adicionou, “Há alguns dias que compensa totalmente. Na minha vida, eu tive, no total, alguns meses desses dias completamente maravilhosos como escritor e isso é o suficiente”, disse. Em uma entrevista ao jornal norte-americano New York Ties, em 2018, Roth refletiu sobre os seus mais de 50 anos como escritor e os descreveu como “Alegria e lamentação. Frustração e liberdade. Inspiração e incerteza. Abundância e vazio.”

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