quarta-feira, 30 de maio de 2018

Aliado de operador do PSDB foi preso por pesquisa sobre bens de colaboradoras da Lava Jato

O ex-chefe do Departamento de Assentamentos da Dersa José Geraldo Casas Vilela, aliado do ex-diretor da companhia Paulo Vieira de Souza – apontado como operador do PSDB nos governos José Serra e Geraldo Alckmin -, foi preso nesta quarta-feira, 30, por causa de uma pesquisa sobre a evolução patrimonial de duas colaboradoras da força-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo, as irmãs Mércia e Marcia Gomes. Casas Vilela e Vieira de Souza foram presos por ordem da juíza Maria Isabel do Prado, da 5.ª Vara Federal Criminal da Capital. Os dois já haviam sido presos no dia 6 de abril, mas o ministro Gilmar Mendes, do Supremo, no último dia 11, deu habeas corpus aos acusados e eles foram soltos. 

A nova ordem de prisão contra o ex-chefe de Assentamentos e Vieira de Souza indica que os dois estariam intimidando as irmãs Mércia e Marcia Gomes, que são acusadas na mesma ação sobre supostos desvios de R$ 7,7 milhões da Dersa entre 2009 e 2011. Elas se tornaram colaboradoras da Lava Jato. Ao mandar prender Casas Vilela, a magistrada destacou que o escritório da defesa dele fez pesquisas sobre as colaboradoras, por meio de sistema do SPC/SERASA, destinado à análise entre empresas e clientes, ou entre contratantes para celebração de negócio, ‘o que, conforme afirmado pela defesa das rés, jamais ocorreu entre elas e o escritório’. “Não obstante as rés estivessem devidamente qualificadas na denúncia e se fosse de amplo conhecimento das partes o temor que as aflige, as medidas que estão adotando e solicitando ao juízo para preservação de seus dados e endereços atuais, foi realizada consulta por meio de sistema restrito, sem qualquer justificativa apresentada pelo escritório até o momento”, assinalou a magistrada. 

Maria Isabel do Prado observou que ’embora lícita a consulta realizada, tal evento, diante das circunstâncias do caso e considerando que é dever profissional dos advogados atender o interesse de seus clientes, revela o flagrante de conduta voltada para a busca de novos endereços ou dados específicos das rés-colaboradoras intimidadas, reforçando os indícios da prática da coação e intimidação pelo réu José Geraldo Casas Vilela, em prejuízo da instrução criminal’. 

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