segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Rabello acusa Postalis de abrir mão das garantias e provocar rombo

O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, disse na quinta-feira (8) que a SR Rating, de sua propriedade, cumpriu rigorosamente seu papel ao avaliar operação que deu prejuízo de R$ 109 milhões à Postalis, fundo de pensão dos empregados do correio, investigada pela Polícia Federal. Ele acusou ainda o fundo de pensão de abrir mão das garantias pelo financiamento, ao aceitar a troca de imóveis concedidos inicialmente por uma hipoteca, e de perdoar o devedor de penalidades previstas em contrato.

O negócio é alvo da Operação Pausare, da Polícia Federal, que realizou na última quinta (1°) busca e apreensão na casa de Rabello e na SR Rating, da qual o executivo está afastado para comandar o banco. Relatório da operação Pausare diz que o fundo perdeu os R$ 109 milhões aplicados em CCIs (cédulas de crédito imobiliário) emitidas pela Mudar Master II Participações, entre 2010 e 2011. Para fazer essa aplicação, o Postalis considerou pareceres produzidos pela empresa de classificação de risco SR Rating. Rabello era um dos integrantes do comitê responsável pela avaliação dos investimentos. A agência deu nota brA (satisfatória ou boa, no âmbito local e no prazo analisado) aos títulos.

O executivo defende que, na classificação global, usada pela SR, essa nota é equivalente a BB+, abaixo do grau de investimento, que representaria risco mediano. Segundo ele, a análise da SR Rating considerou que as debêntures eram garantidas por imóveis da Mudar Investimentos Imobiliários, do empresário Augusto Martinez Almeida, também investigado pela Pausare. Em novembro de 2012, porém, a Postalis fez uma repactuação no contrato, aceitando a troca dos imóveis por uma segunda hipoteca de um outro empreendimento, ampliando o risco de calote. Dois meses antes, diz Rabello, a SR já havia rebaixado a nota dos títulos para BB-, o que daria à Postalis o direito de pedir o pagamento antecipado da dívida, segundo cláusula contratual. Apesar disso, continua ele, a fundação concedeu o waiver (perdão) dessa cláusula no momento da repactuação do contrato.

A investigação concluiu que nenhuma parcela de juros ou amortização dos títulos foi paga e, sem garantias, a Postalis não pode recuperar os recursos. "As empresas investidas que receberam investimento não fizeram nenhum pagamento ao Postalis, tendo todo o dinheiro do fundo de pensão simplesmente desaparecido", escreveram o procurador Ivan Marx e o delegado Luiz Flávio Zampronha. Ivan Marx é procurador gaúcho que participou da operação Rodin, uma operação político-policial comandada pelo petista Tarso Genro. 

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