domingo, 21 de janeiro de 2018

Três pessoas morrem em São Paulo por reação à vacina da febre amarela


Três pessoas morreram no Estado de São Paulo por reação à vacina da febre amarela, segundo balanço divulgado no fim da tarde desta sexta-feira (19) pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Segundo o governo, as vítimas, todas adultas e com menos de 60 anos, não tinham registro de doenças prévias, e as mortes por reação vacinal foram confirmadas após "análises caso a caso". Um morreu em Perus, na zona norte da capital, outro em Franco da Rocha (Grande SP) - ambos vacinados em outubro - e um terceiro morreu em Matão (a 305 km da capital), em fevereiro de 2017.


Outras seis mortes são investigadas pelo governo do Estado por suspeita de relação com a vacina. Em todo o Estado, 81 pessoas foram infectadas e 36 morreram, segundo balanço divulgado nesta sexta (19). Há uma semana, eram 21 os óbitos em decorrência da doença. Só a cidade de Mairiporã, na região metropolitana, concentra 41 casos, seguida por Atibaia (9) e Amparo (3). Nesta sexta-feira, a Secretaria Municipal de Saúde da capital divulgou que investiga outras três mortes - até a quinta-feira (18), não havia casos confirmados da doença contraídos na cidade. 

A vacina contra a febre amarela é considerada segura. É feita com o vírus vivo atenuado, que estimula a produção de anticorpos contra a doença. Mas pessoas recém-vacinadas podem apresentar reações adversas. Dores no corpo, de cabeça e febre podem afetar entre 2% e 5% dos vacinados nos primeiros dias após a vacinação e podem durar entre 5 e 10 dias. Reações adversas mais graves que poderiam levar a mortes, no entanto, são raras. 

A doença viscerotrópica aguda, causa da morte das três vítimas confirmadas até agora, é uma síndrome hemorrágica com sintomas semelhantes à febre amarela e sua incidência é de um caso a cada 400 mil doses aplicadas, segundo estimativa da Fiocruz (a doença pode ocorrer até 10 dias após a vacinação). Segundo a secretaria de Saúde, o quadro pode evoluir para insuficiência renal, hepática e cardíaca, problemas de coagulação, hepatite fulminante e morte. 

Só na capital, 1,9 milhão de pessoas foram vacinadas desde setembro. Ainda de acordo com a Fiocruz, doenças neurológicas como meningoencefalite (inflamação que envolve o cérebro) ou a síndrome de Guillain-Barré podem ocorrer em um caso a cada 100 mil doses de vacina dadas. Na avaliação do médico infectologista Artur Timerman, as mortes, se de fato tiverem sido causadas por reação à vacina, não são motivo para que as pessoas deixem de se vacinar. "De forma alguma se contraindica a manutenção da vacinação de pessoas na cidade de São Paulo", afirma: "O risco da doença é muito maior do que os riscos da vacina". 

Para o infectologista e professor da USP Esper Kallas, o número de mortes está dentro do esperado, em vista do grande número de pessoas vacinadas na capital paulista. "Não consigo ver uma situação diferente do que está acontecendo", diz. "Todas as vezes que você vacina milhões de pessoas, isso pode acontecer. Por isso, há um cálculo de custo benefício da vacinação". "A triagem deveria ser um negócio mais criterioso? Deveria. Mas tem gente que omite informações, não fala o que está tomando", afirma.

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