segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Força-tarefa reitera que considera falsos recibos apresentados por Lula


A força-tarefa da Operação Lava Jato apresentou alegações finais no procedimento que apura se a defesa do ex-presidente Lula forneceu recibos de aluguel falsos ao juiz Sergio Moro e reiterou que considera que houve falsidade ideológica por parte do petista. O procedimento, chamado incidente de falsidade criminal, tramita paralelamente à ação penal em que Lula é réu sob acusação de receber propina da Odebrecht para adquirir um terreno para o Instituto Lula, em São Paulo. A mesma ação penal também aborda a suposta compra, pelo ex-presidente, do apartamento vizinho ao que mora, em São Bernardo do Campo, com dinheiro da Odebrecht. 

Segundo a acusação, o imóvel, comprado por um laranja, Glaucos da Costamarques, era ocupado pelo presidente, que nunca pagou aluguel pelo uso. A defesa do petista, ao ser cobrada por Moro para mostrar provas que comprovassem o pagamento da locação, apresentou então em setembro um conjunto de recibos assinados por Costamarques. 

Os procuradores contestam a autenticidade desse material. Nas alegações finais, protocoladas na noite de quinta-feira passada (11), a força-tarefa afirma que os recibos foram produzidos para "atribuir fictício lastro à locação simulada do apartamento". O Ministerio Público Federal diz que a apuração sobre o caso corrobora a versão apresentada por Costamarques, que disse que assinou uma série de recibos de anos anteriores enquanto esteve internado no Hospital Sírio-Libanês, no fim de 2015. 

Os procuradores dizem que os registros do hospital mostram três visitas naquela época do contador João Leite Muniz, que trabalhava para Roberto Teixeira, compadre e advogado de Lula. Muniz, relatam os procuradores, contou ter levado recibos de "alguns meses" de 2014 e 2015, embora tenha dito que providenciou as assinaturas apenas para "atender ao seu 'rito' pessoal de organização de documentos de seus clientes". 

O documento também cita como prova registros de dez ligações telefônicas entre Costamarques e Teixeira no período da internação, o que indicaria que estariam combinando as assinaturas. Um dos principais argumentos da força-tarefa é o de que não existe fluxo financeiro registrado entre contas de Lula e da ex-primeira-dama, a galega italiana Marisa Letícia, e as do proprietário do apartamento.

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