segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Força Tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba vai investigar os políticos sem foro privilegiado delatados por Sérgio Machado


A força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba está investigando parte das denúncias feitas pelo ex-presidente da Transpetro, o delator Sérgio Machado. A investigação sobre o caso tinha sido aberta em 2015, mas foi suspensa após a delação de Machado, que foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal. A decisão de retomar as investigações foi tomada em dezembro de 2017, pelo juiz Sérgio Moro. Após a homologação do acordo, o ministro Edson Fachin, determinou o envio das denúncias que não citavam políticos com foro privilegiado.

O inquérito deverá analisar as declarações feitas pelo delator contra a ex-senadora petista Ideli Salvatti, os ex-deputados federais petistas Jorge Bittar e Edson Santos, o ex-ministro dos governos Dilma e Temer, Henrique Eduardo Alves, que atualmente está preso, suspeito de corrupção. Há ainda uma citação ao ex-deputado Cândido Vacarezza, que era do PT, mas atualmente está filiado ao Avante. O sexto caso trata ainda de um caso de formação de cartel para obras no Estaleiro Tietê, em São Paulo, no qual tem grande envolvimento o empresário lixeiro Wilson Quintella Filho, dono da Estre. 

As investigações estavam sob a tutela do Supremo Tribunal Federal, que encaminhou os casos à 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelo andamento dos casos envolvendo a Operação Lava Jato, em Curitiba. Nenhum dos políticos citados possui foro privilegiado atualmente. De acordo com Sérgio Machado, a ex-senadora Ideli Salvatti foi beneficiada com R$ 500 mil em doações oficiais feitas pela construtora propineira Camargo Corrêa. O dinheiro, segundo o delator, foi pago para a campanha dela ao governo de Santa Catarina, em 2010.

No depoimento aos investigadores, o delator Sérgio Machado disse que a ex-senadora enviou o chefe de gabinete dela para negociar os valores. "Contatei uma das empresas que pagavam recursos ilícitos oriundos de contratos com a Transpetro (Camargo Corrêa) e viabílizei então o apoio via doação oficial e o comuniquei pessoalmente em Brasília, no meu hotel, Bonaparte, sobre quem faria a doação via diretório nacional ou estadual do PT", afirmou Sérgio Machado em um dos anexos da delação.

Conforme o delator Sérgio Machado, o petista Cândido Vacarezza recebeu outros R$ 500 mil, que também foram pagos pela propineira Camargo Corrêa. Segundo o delator, o dinheiro entrou em caixa oficial de campanha, também em 2010. Já o ex-ministro Henrique Eduardo Alves teria sido beneficiado com outro R$ 1,55 milhão, "da seguinte forma: pela empresa propineira Queiroz Galvão foi pago R$ 500 mil (2014); R$ 250 mil (2012); R$ 300 mil (2008); que pela empresa Galvão Engenharia foi repassado R$ 500 mil (2010)". 

O petista Jorge Bittar, de acordo com o delator Sérgio Machado, recebeu R$ 200 mil, em 2010, para a campanha a deputado. O valor pago pela construtora Queiroz Galvão teria sido descontado de uma conta de propinas que a empreiteira teria com a diretoria da Transpetro. A Queiroz Galvão teria pago ainda outros R$ 142.400,00 ao ex-deputado Edson Santos. O delator Sérgio Machado contou que o petista tentava se eleger como deputado federal e pediu auxílio ao ex-presidente da Transpetro. "Ao se aproximarem as eleições, obtive o apoio pleiteado, que foi feito por meio de doação oficial via Queiroz Galvão, no valor de R$ 142.400,00", afirmou à investigação. 

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