O grupo açougueiro bucaneiro propineiro J&F discute uma repactuação dos termos do acordo de leniência em que os irmãos bandidos Joesley e Wesley Batista
podem confessar terem cometido os crimes de uso indevido de
informações privilegiadas para obtenção de lucros no mercado financeiro,
informou uma fonte do Ministério Público envolvida diretamente nas
tratativas. A leniência do grupo, fechada no final de maio do ano passado, prevê o pagamento de uma multa recorde no valor de 10,3 bilhões de reais
durante 25 anos por atos praticados por empresas controladas pela
holding. Essa leniência foi posteriormente confirmada pela Câmara de
Combate à Corrupção do Ministério Público Federal.
Executivos da bucaneiro J&F, que controla a processadora de carne
JBS, também firmaram delações premiadas um pouco antes e, ao implicar
diretamente o presidente Michel Temer e uma série de
políticos da base aliada, geraram a maior crise política do atual
governo. Essas delações foram questionadas e seus efeitos estão
temporariamente suspensos após o ex-procurador-geral da República
Rodrigo Janot tê-los acusado de omitirem informações.
O acordo de leniência ficou em xeque após os irmãos terem
sido presos pela Polícia Federal em investigação que apurou que eles se
valeram de informações da própria delação premiada deles para obterem
lucros milionários no mercado financeiro. Em seguida, os dois foram denunciados pelo Ministério
Público Federal paulista pelo episódio e, em meados de outubro,
tornaram-se réus por uso indevido de informação privilegiada (insider trading) e manipulação de mercado.
Representantes do grupo e procuradores da República de
Brasília e de São Paulo já têm tido conversas informais a fim de
discutirem os termos de uma eventual renegociação do acordo de
leniência. Segundo a fonte do MP, o valor de 10,3 bilhões de reais em
multas é um “piso” para o início da repactuação. Mas essa fonte destacou que o novo acordo poderá envolver
outras cláusulas de obrigação da leniência para a J&F, uma vez que é
preciso ter em conta a capacidade de pagamento da holding e que o
interesse dos envolvidos não é de trazer dificuldades de financiamento
para a empresa.
As cláusulas de um novo acordo precisam ser acertadas entre
as várias instituições envolvidas nas conversas. Se as negociações
avançarem, a expectativa é que um grupo específico para lidar com esse
assunto seja criado, disse a fonte. A avaliação da fonte é que, embora a pena para esse tipo de
crime em caso de condenação seja baixa e geralmente é convertida em
serviços comunitários, o processo pode abrir margem para que a leniência
da J&F seja contestada ou até mesmo rescindida. Por isso, um novo
acordo, com uma confissão de novos delitos, poderia ser mais mais
vantajoso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário