quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Renda do brasileiro cresce mais do que gastos pela 1ª vez em 3 anos, diz estudo


Pela primeira vez em três anos, a renda do brasileiro cresceu mais do que os gastos. É o que mostra um estudo divulgado na segunda-feira (18) pela Nielsen. De 2016 para 2017, a renda média mensal por família cresceu 11%, para R$ 3.460,00 enquanto os gastos médios subiram apenas 1%, para R$ 3.148,00 - o que indica que o consumo está mais consciente. Com isso, a relação renda/gasto, que estava em equilíbrio em 2016, ficou em 9,9% neste ano. “Com a crise, o consumidor aprendeu a planejar suas compras, economizar por meio do gerenciamento de seus gastos, fazer opções inteligentes quanto à escolha de produtos e canais”, diz em nota Ricardo Alvarenga, especialista em entendimento do consumidor da Nielsen. Porém, essa realidade muda conforme a região do País e o nível socioeconômico. A classe C, que sofreu mais intensamente a crise, por exemplo, é a que ainda mantém certa estabilidade na balança, com gastos 0,3% acima da renda.

A Nielsen destaca que a perspectiva de consumo foi impactada neste ano pela inflação mais controlada, a volta do crescimento do PIB e a queda da taxa de desemprego. Segundo a pesquisa, quase um terço (27,2%) das famílias se beneficiaram do saque das contas inativas do FGTS. Delas, quase metade (46,6%) usaram o dinheiro para pagar dívidas, 14,8% investiram ou pouparam e 11,6% compraram bens de consumo. Ainda de acordo com o estudo, 48,2% (12,4 milhões) dos lares brasileiros passaram imunes pela crise em 2017, ou seja, não acumularam dívidas nem perderam o emprego. Desse total, 26% não sofreram com recessão nos últimos dois anos e 22,2% saíram da crise no último ano (10,6 milhões). Entre as famílias que nunca foram impactadas, 30% pertencem à classe AB e 32% à DE. A maioria dos lares são sem crianças (62%) e têm até dois membros (51,2%). Grande parte também é do estado de São Paulo (32,6%). 

"Essas famílias aprenderam a economizar e optam por canais que lhes ofereçam um melhor custo-benefício. Por exemplo, vão mais vezes ao Cash & Carry (atacarejo), enquanto buscam os Hipermercados para comprar itens mais premium", diz Alvarenga. Por outro lado, dos 51,8% que foram impactados pela recessão, 14,4% sentiram os efeitos só neste ano (os demais já estavam em situação difícil). Os lares nesse grupo são principalmente da classe C (52%), com crianças de 6 a 11 anos (12,4%) e famílias de cinco ou mais componentes (24,5%).

O estudo revela que pagar as contas em dia, garantir os estudos e manter ou conseguir um emprego são as maiores preocupações das famílias impactadas pela crise. Para economizar e driblar os efeitos, a principal estratégia usada por elas foi a substituição por marcas mais baratas. A busca por formas de conseguir renda extra também foi outro artifício utilizado: 24% passaram a prestar serviço como babá, diarista e passeador de cachorro, enquanto 4% se cadastraram em aplicativos de táxi.

Outros 18% começaram a vender produtos em catálogo e 12% passaram a cozinhar bolos caseiros ou salgados para fora. “Os impactados vão em busca de melhores oportunidades e promoções na hora de consumir, encontrando muitas vezes o que precisam no Cash & Carry (atacarejo). Não é à toa que o canal cresce em penetração, ticket médio e quantidade de itens entre essas famílias”, analisa Alvarenga.

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